Agressão a petistas em lanchonete de Goiânia não é crime eleitoral, diz delegado
Segundo Adriano Costa, violências tipificadas na legislação dizem respeito ao aspecto efetivo do voto
A agressão a mulheres que se identificaram como eleitoras do PT em uma lanchonete na Avenida T-10, no setor Bueno (em Goiânia), na madrugada do último domingo (16) não se enquadra entre as hipóteses de crime eleitoral. É o que afirma o delegado responsável pelo caso, Adriano Costa.
“O caso teve supostamente pano de fundo eleitoral, mas poderia ser religião, futebol, enfim, qualquer assunto polarizante”, explica o delegado. Adriano afirma que, a priori, é possível que os investigados respondam por lesão corporal doloso leve e injúria. “Mas é preciso acompanhar evolução da lesão.”
Ainda de acordo com ele, o somatório dos crimes conduzem a menor potencial ofensivo, uma vez que não excedem o patamar de dois anos de pena. “Pode incidir o concurso formal, mas precisamos analisar as imagens e testemunhos.” Vale citar, cinco pessoas já estiveram na 4ª Delegacia Distrital de Goiânia nesta segunda-feira (17). Duas mulheres pela manhã e outras duas à tarde, além de um homem, também após às 12h.
Os suspeitos e seus advogados ainda não se apresentaram. “Mas já existem elementos indiciários sobre quem são”, afirma o delegado sobre a identidade dos dois homens. “Nosso desejo é coletar os elementos que podem se esvair com o tempo, como uma câmera que pode se apagar.” Entre os elementos também constam as lesões. “Essa prova já está devidamente materializada.”
Como foi a briga
Dois bolsonaristas assumidos agrediram um grupo de eleitores do PT em uma lanchonete de Goiânia, no último sábado (15). A jornalista Júlia Rodrigues de Barros foi um dos alvos. Ela disse ao Mais Goiás que só sofreu violência verbal, diferente de seus amigos.
“Foi horrível. Chegamos de uma festa e paramos na 10 para lanchar. Então, chegaram dois homens e uma garota. Em seguida, chegaram outras pessoas com adesivos do Lula e do PT e esses homens começaram a gritar ‘Bolsonaro’ e a provocar a gente. Nós gritamos ‘Lula’ de volta e as ofensas começaram.”
De acordo com ela, os dois homens passaram a chamá-los de “pobres” e a proferir xingamentos. “Eu discuti, bati boca com eles. Um deles disse para minha amiga que se ela não calasse a boca, ela ‘ia ver’.” Neste momento, Júlia narra que eles foram para cima da amiga dela. O outro amigo das meninas interveio e as agressões começaram.
“O pessoal que chegou depois e estava com a identificação do Lula veio apartar, mas os dois homens começaram a agredir. Um deles começou a bater em uma menina daquele grupo. Eu joguei uma daquelas mesas de plástico, para tentar apartar. Quando eles cansaram de brigar, foram embora”.
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