Agressor de fiscal no Rio recebeu auxílio emergencial
O engenheiro civil de 43 anos intimidou e ameaçou Flávio Graça, que fazia uma inspeção em um restaurante na Barra da Tijuca
O engenheiro civil de 43 anos, morador de Jacarepaguá, que intimidou e ameaçou o superintendente de Educação e Projetos da Vigilância Sanitária Flávio Graça, durante uma inspeção em um restaurante na Avenida Olegário Maciel, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, na noite do último sábado, deu entrada e recebeu o auxilio emergencial de R$ 600 disponibilizados pelo Governo Federal para pessoas desempregadas e que perderam o emprego por conta da pandemia.
No começo da tarde desta segunda-feira, O GLOBO teve acesso aos dados junto ao Portal de Transparência da Controladoria-Geral da União (CGU). Segundo o documento, o engenheiro recebeu a ajuda da primeira parcela em maio. Até agora, o relatório não constava que o homem havia retirado as outras duas parcelas.
Até o final da manhã desta segunda-feira, o engenheiro tinha redes sociais, mas após a exibição da reportagem no Fantástico, da TV Globo, decidiu apagar seus perfis. Em um deles, se descrevia como “pai, casado, engenheiro, atleta amador, mergulhador, de direita, anti-PT, anti-PSOL e anti PC do B”.
Na descrição do Twitter, ele se apresentava como “conservador”. Na web, o agressor do fiscal da Prefeitura também defendia as atitudes da ativista conservadora Sara Winter e chegava a retuitar suas postagens. Sua última publicação no Twitter foi comemorando a libertação do blogueiro Oswaldo Eustáquio, alinhado com a direita.
Durante uma fiscalização por volta de 21h de sábado, dia 4, o casal, que insistia em continuar fazendo diversas irregularidades, foi filmado atacando Graça, que é médico-veterinário e conduzia a operação. Na confusão, o fiscal tenta explicar que a aglomeração eleva os riscos de uma contaminação do novo coronavírus em massa. Pelo decreto da Prefeitura, cada mesa com cadeiras deve ficar com pelo menos dois metros de distância umas das outras em um estabelecimento. Ao informar a determinação, o cliente, alterado, disse:
— Cadê a sua trena? Eu quero saber como você mediu as pessoas.
Por fim, ao chamar o homem de cidadão, a mulher proferiu as seguintes palavras:
— Cidadão, não. Engenheiro civil formado e melhor que você.
Na manhã desta segunda-feira, a Taesa, uma das maiores empresas brasileiras de transmissão de energia elétrica do país, demitiu a mulher do engenheiro, que tem 39 anos e é engenheira química, com especialização em administração de empresas. Em nota, a empresa confirmou a decisão e afirmou que “compartilha a indignação da sociedade em relação a este lamentável episódio, sobretudo em um momento no qual o número de casos da doença segue em alta no Brasil e no mundo”.
O GLOBO localizou o casal. No entanto, ambos disseram que consultarão seus advogados antes de qualquer pronunciamento.