MUDANÇA CLIMÁTICA

Agropecuária elevou emissões em 17% em três décadas, indica estudo

Brasil foi 3º maior emissor em 2019, segundo dados da ONU, atrás da China e da Índia

IBGE: 32% dos solos do país têm potencial natural para a agricultura (Foto: Pixabay)

A “pegada de carbono” da agropecuária aumentou 17% nos últimos 30 anos, e o Brasil, nesse setor, é o terceiro maior emissor de gases que causam o aquecimento global, segundo relatório divulgado pela ONU nesta segunda-feira (8).

A produção de alimentos nos campos brasileiros aparece atrás da China e da Índia, quase em empate com essa. Em seguida vêm os EUA e a Indonésia.

As principais causas do problema são o desmatamento para converter áreas de floresta em plantações e pastos —principalmente no Brasil e na Indonésia— e a emissão de metano pelos bovinos após a fermentação gástrica dos vegetais que ingere.

De acordo com o estudo, feito por pesquisadores europeus e americanos com base em dados da FAO (agência da ONU para alimentação e agricultura), a produção de alimentos agropecuários respondeu por quase um terço (31%) das emissões em 2019 —os animais ruminantes geraram 7% das emissões (5% na digestão e 2% no esterco), e o desmatamento, maior problema isolado, 6%.

A produção agrícola e pecuária também liberou 53% do metano emitido e 78% do dióxido de nitrogênio, na maior parte proveniente de fertilizantes químicos. Esses dois gases são considerados mais nocivos à atmosfera no curto prazo, por produzirem aquecimento mais rápido.

De acordo com o trabalho, ainda em processo de revisão por pares, é cada vez maior o peso de etapas pré e pós-produção, como desmatamento e queimada antes do plantio e o transporte depois da colheita.

A divulgação do estudo na COP26 aconteceu no mesmo dia em que o setor agropecuário brasileiro defendia, no pavilhão do país, sua sustentabilidade.

Em painel que reuniu representantes da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária) e da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o setor afirmou que reduziu em 10% a emissão de metano por cabeça de gado nos últimos anos, com base em inovação tecnológica.

Um dos processos usados são filtros colocados acima dos animais para capturar o metano emitido por eles.

Um dos maiores produtores de carne bovina do mundo, o Brasil foi um dos 96 países que aderiu na última semana ao Compromisso Global sobre Metano, que estabelece redução de 30% das emissões globais desse gás até 2030, em comparação com as emissões de 2020.