Alckmin exalta Lula aos gritos em evento com centrais sindicais
Ex-governador paulista e ex-presidente petista participam de evento com sindicalistas em São Paulo
O ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) fez um discurso exaltado nesta quinta-feira (14) em defesa do ex-presidente Lula (PT), de quem deve ser o vice na chapa presidencial para a disputa das eleições de outubro.
Diante de dezenas de sindicalistas reunidos em São Paulo, Alckmin aumentou o tom de voz para dizer que a “luta sindical deu ao Brasil o maior líder popular deste país”. Em seguida, já rouco e aos gritos, repetiu: “Lula, Lula, viva Lula, viva os trabalhadores do Brasil.”
Alckmin disse ainda aos representantes das centrais que estará com eles nas eleições para “somar esforços” para derrotar o atual presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição.
Em seu discurso, Lula afirmou que é “plenamente possível” que ele e Alckmin formem uma chapa “para reconquistar os direitos dos trabalhadores”.
“Vamos juntar as duas experiências para tentar reconstruir em quatro anos o que eles destruíram”, continuou.
O petista disse ainda que o processo eleitoral será difícil e voltou a reforçar que é importante eleger uma bancada progressista no Congresso Nacional para que seja possível “fazer as mudanças necessárias”.
Lula também afirmou que é preciso dialogar com todos os setores da sociedade para escrever um programa de governo e reconstruir o país.
“Não vamos deixar ninguém de fora, todos vão sentar à mesa. E quero ouvir e saber qual vai ser o compromisso de cada um.”
Líder nas pesquisas eleitorais, o ex-presidente disse ainda, ao citar as condições dos trabalhadores por aplicativo e a “contrarreforma” trabalhista espanhola, que é preciso adaptar uma nova legislação à realidade atual. “Não queremos voltar para trás.”
Antes de começar o evento, o petista esteve com líderes sindicais e tratou da reforma trabalhista. Segundo Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Lula afirmou ser favorável à revisão de pontos, e não sua revogação.
“Ele fala em pontualmente fazer atualizações e mudanças. Por exemplo a volta das homologações, o fim dos acordos individuais sem a presença dos sindicatos e a regra no trabalho intermitente. Ele confirmou que não volta o imposto sindical”, diz Patah.
Segundo o deputado federal e presidente nacional do Solidariedade, Paulinho da Força, Lula disse aos presidentes das centrais “vocês falam o que quiserem, depois podem encher meu saco em Brasília”.
O presidente da Força Sindical, Miguel Torres, afirmou que Lula recomendou que os sindicalistas definissem uma proposta clara com reivindicações para apresentar a ele e “cobrar depois em Brasília”.
“O Lula disse que tem coisas na reforma [trabalhista] que não dá mais para mexer, por isso que temos que levar uma proposta clara do que queremos.”
O PT irá propor a revogação da reforma trabalhista no programa da federação partidária que formará com PV e PC do B, embora Lula reconheça entraves para a iniciativa. O novo texto ainda será submetido à aprovação das demais legendas.
O tema foi debatido na reunião do diretório nacional da sigla nesta quarta-feira (13), que também aprovou, por 68 votos a 16, a indicação do nome do ex-governador Alckmin (PSB) para compor a chapa de Lula como vice-presidente.
No encontro com sindicalistas, Lula disse ainda que será preciso realizar uma reforma tributária que “leve em conta que quem ganha mais, deve pagar mais” e voltou a afirmar que é preciso “colocar o pobre no orçamento”.
Ele também afirmou que é preciso tornar a geração de empregos uma “obsessão” de todas as pessoas.
Após a aprovação da indicação do nome de Alckmin para compor a chapa, o tema agora será levado ao encontro nacional do partido, que será realizado nos dias 4 e 5 de junho. A larga vantagem dos votos no diretório é um indicativo do que poderá acontecer no evento, uma vez que sua composição reflete a correlação de forças dentro do PT.
Texto aprovado pelo diretório, que indica a aprovação da aliança e da composição da chapa, diz que o PT deve buscar ampliar o apoio ao ex-presidente Lula “em outros setores políticos e sociais do campo democrático” para derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL), num processo eleitoral “que já se revela o mais duro desde a redemocratização do país”.
“A eleição presidencial deste ano colocará em disputa dois projetos muito claros: o da democracia e o do fascismo”, diz o texto.
A resolução também afirma que a candidatura de Lula é a que tem “reais possibilidades de aglutinar a maioria da sociedade”.
O documento diz ainda que a coligação nacional com o PSB é um “importante passo na direção almejada”.
“Confirmará nossa disposição de, no governo, implementar um programa de reconstrução e transformação do Brasil, ampliando nossa base social.”
CHAPA LULA-ALCKMIN
O que foi encaminhado
- Na última sexta-feira (8), a cúpula do PSB indicou formalmente o nome de Geraldo Alckmin (PSB) para compor a chapa do ex-presidente Lula (PT) como candidato a vice-presidente
- Na reunião desta quarta (13), o diretório nacional petista indicou a chapa para aprovação no encontro nacional do partido
O que falta
- Aprovação na chapa no encontro nacional do PT, que será realizado nos dias 4 e 5 de junho
- Formalização na convenção partidária do PT, entre o fim de julho e começo de agosto
CANDIDATURA LULA
O que foi encaminhado
- O anúncio da pré-candidatura de Lula deverá ocorrer em ato no dia 7 de maio em São Paulo. A expectativa é que o ex-governador Geraldo Alckmin participe
O que falta
- Nome do ex-presidente deverá ser aprovado na convenção partidária do PT, entre fim de julho e começo de agosto
- O TSE impôs como data limite para registrar a candidatura no dia 15 de agosto