MANIFESTAÇÕES

Além de Goiânia, ao menos 15 capitais têm atos pró-Bolsonaro

Atos têm cartazes antidemocráticos em vários idiomas; maioria não usa máscara

Ao menos 15 capitais têm atos pró-Bolsonaro, entre elas Goiânia (Foto: Jucimar de Sousa - Mais Goiás)

Manifestantes se reúnem neste 7 de setembro em ao menos 15 capitais, incluindo Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, com pautas antidemocráticas, a favor do governo Jair Bolsonaro (sem partido) e contra o STF (Supremo Tribunal Federal). A maioria não usa máscaras contra a Covid-19.

Em Goiânia, o ato começou no autódromo por volta de 9h, com destino ao ginásio de esportes do Jardim Guanabara. Também houve carreatas de motos e carros, com cartazes e faixas nos veículos em inglês e francês —um deles diz “Bolsonaro é a esperança do Brasil”.

Uma de nossas pautas é a contagem pública total de votos. Não estamos afrontando o sistema eleitoral, só queremos uma melhoria. Isso não tem nada de mais, só fortalece nossa democracia”, disse Marcelo Magalhães, um dos organizadores da mobilização em Goiânia. “Democracia se faz com o povo”.

O comboio passou pelos setores Serrinha, Bueno, Sul, Negrão de Lima, Santa Genoveva e terminou no Ginásio de Esportes da Avenida Vera Cruz, no Jardim Guanabara. O trajeto durou aproximadamente 45 minutos.

Entre as demais cidades com passeatas ou carreatas estão Salvador, Recife, São Luís, Fortaleza, Belém, Belo Horizonte e Florianópolis. Algumas delas também registram atos menores de oposição ao presidente, principalmente organizados pelo movimento Grito dos Excluídos.

Em Salvador, o protesto acontece nas proximidades do Farol da Barra e reúne três trios elétricos. Manifestantes carregam faixas pedindo intervenção no Supremo, parte deles sem máscara. Alguns deles trazem cartazes em outras línguas, como inglês, francês, espanhol e alemão.

Em discursos nos trios, houve menções elogiosas ao soldado Wesley Soares, morto em março deste ano na mesma região. Ele passou quatro horas dando tiros para o alto, gritando palavras de ordem, e foi baleado após atirar com um fuzil contra policiais que negociavam sua rendição.

Em São Luís e em Fortaleza, as manifestações ocorreram em formato de carreata. Na primeira, a concentração foi em frente à nova loja da Havan, inaugurada no início do mês pelo empresário bolsonarista Luciano Hang.

Já na segunda, a reunião foi ao lado do estádio Castelão. Um carro de som tocava jingles de Bolsonaro em ritmo de forró e trazia uma faixa com a mensagem: “Liberdade não se ganha, se toma”.


Capitais com manifestações pró-Bolsonaro até as 13h

  1. Belém
  2. Belo Horizonte
  3. Boa Vista
  4. Campo Grande
  5. Cuiabá
  6. Florianópolis
  7. Fortaleza
  8. Goiânia
  9. Maceió
  10. Porto Velho
  11. Recife
  12. Rio de Janeiro
  13. Salvador
  14. São Luís
  15. São Paulo​

No Recife, o ato ganhou mais adesão por volta das 10h na orla da praia de Boa Viagem, onde tradicionalmente ocorrem manifestações pró-Bolsonaro. O grupo caminha acompanhado de um trio elétrico com os dizeres: “Supremo é o povo”. Também há cartazes em outros idiomas, como alemão.

Em Belo Horizonte, os manifestantes saíram em carreata da Pampulha, na avenida Antônio Abrahão Caram, com direção à Praça da Liberdade, onde começaram a se dispersar por volta das 12h30. A menos de 2 km, há um pequeno grupo de vermelho formado por movimentos sociais.

Mais uma vez, no ato pró-Bolsonaro são vistas faixas em inglês, com escritos como “O povo brasileiro diz não aos membros da Suprema Corte”. Há ainda algumas manifestações contrárias à vacinação contra a Covid e com menções a medicamentos ineficazes para a doença.

Em Florianópolis, as pessoas se concentraram no Trapiche da Beira-Mar, ocupando a avenida em ambos os sentidos. Diversas rodovias de Santa Catarina registraram pontos de interdição e lentidão por causa de carreatas de caminhões, tratores e carros, como as BRs 282, 101, 116, 153 e 280, segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal).

Joinville, Blumenau, Chapecó, Criciúma, Itajaí e Balneário Camboriú foram outras cidades catarinenses com atos pela manhã.

Cinco tópicos do discurso dos manifestantes pró-Bolsonaro de 7 de setembro

Voto impresso auditável: Segundo o deputado estadual Paulo Trabalho (PSL), aliado de Bolsonaro em Goiás desde as eleições de 2018, o voto nas urnas eletrônicas hoje pode ser adulterado, uma vez que não há cédula física, que possa ser auditável. Para ele, é preciso um comprovante na urna, que permitir a recontagem, sendo impresso dentro do próprio equipamento, para conferência do eleitor, mas sem que ele possa retirar de um baú que armazenaria o papel.

Impeachment dos ministros Alexandre de Moraes e Roberto Barroso, do STF: Paulo Trabalho afirma que o STF tem descumprido sua função de intérprete da Constituição e interferindo em outros poderes, além de tirar a liberdade do povo de bem. “Falou mal de mim, mando prender.” Ainda dentro desse tópico, os manifestantes protestam contra o que chamam interferência da corte ao legislar.

Liberdade: esta é, para a vereadora Gabriela Rodart, de Goiânia, a pauta principal. “No dia 7 de setembro comemoramos o Dia Declaração de Independência do Brasil do Império Português. É uma data importante na nossa história. Temos vivido dias sombrios onde governadores e prefeitos agiram como verdadeiros ditadores por todo o País ao longo da pandemia. Além desses tristes episódios, temos visto muita injustiça, verdadeiros atos de censura contra jornalistas, políticos e cidadãos de bem, por parte de alguns integrantes do Poder Judiciário, sem o devido processo legal, acesso aos autos, enfim. Vamos às ruas pelo basta. Para que o povo tenha restabelecido seu direito de se manifestar, de se expressar livremente, de ir e vir e de cultuar a Deus sem interferências do Estado.”

Direito do presidente Bolsonaro conseguir legislar: pois o presidente tem a caneta, mas estaria de mãos atadas.

Altos impostos estaduais: os manifestantes dizem que os altos impostos estaduais impactam no preço dos diversos produtos, como o combustível.