Rompimento

Aliado de Caiado garante apoio a Vimar Rocha

O rompimento de Odair com Caiado tem origens paroquiais

O deputado federal Ronaldo Caiado (DEM) perdeu um importante aliado para a disputa eleitoral deste ano. Por telefone, o prefeito de Quirinópolis, Odair Rezende (DEM) confirmou ao MAIS GOIÁS que apoia o deputado federal Vilmar Rocha (PSD) no lugar do candidato do seu próprio partido, Ronaldo Caiado.

“O Vilmar é um político honesto e não rompeu com o que temos feito há tanto tempo. Já informei a direção do DEM que não apoiarei Ronaldo. Esse apoio ao PMDB não soou bem entre a gente”.

O que mais tem sido questionado pelo DEM é a ausência de Caiado do lado da base aliada. O grupo não engoliu sua decisão praticamente individual de se alojar ao lado do rival anterior, o PMDB, e menosprezar acordos anteriores.

O rompimento de Odair com Caiado tem origens paroquiais. O prefeito foi um dos eleitos a partir do acordo eleitoral do grupo da base em 2012, que contou com forte apoio do governador Marconi Perillo e fechava um leque de partidos.

Na ocasião, o embate ocorreu entre o deputado estadual Paulo César Martins (PMDB) e o chapão que unia PSDB, DEM e outras siglas da base. Disputa apertada em 2012, se Odair apoiasse Caiado agora poderia desarmar sua trajetória na cidade e uma possível disputa de reeleição em 2016.

Na quarta-feira, Vilmar confirmou com Odair que terá o apoio para a disputa ao Senado. Um encontro político com duas mil pessoas ovacionou os integrantes da coligação carreada pelo PSDB.

Contudo, a candidatura de Vilmar é vista ainda com receios dentro da própria base aliada.  Internamente existe a argumentação de que ele não vai para o enfrentamento direto com Caiado.

Vilmar, conforme apurou a reportagem com assessores próximos, tem uma estratégia: percorrer as cidades, não realizar discursos polêmicos nem tomar posições que produzam forte noticiabilidade – o oposto de seu principal opositor.

Cabe a um senador se posicionar sobre grandes temas, como aborto, redução de menoridade penal, guerra fiscal. Pois bem. Ele pretende tratar os diversos assuntos no varejo e comunicar que é um político mais fino e recatado do que Caiado.

Mas tem quem não concorde com este estilo. “Se ele seguir assim toda a vida e tentar angariar apenas os votos que estão naturalmente indo para Marconi não bastará”, diz um político da base.

A base já mandou recados para que Vilmar se coloque em campo para os embates mais duros, pois o vice-governador José Eliton (PP) é quem tem feito o serviço de defesa da base e tentado desfocar os ataques da oposição.

Na última semana, a pesquisa Fortiori confirmou que Vilmar já está à frente de Marina SantAnna (PT), mas ainda distante (cerca de 15 pontos) do candidato do DEM.

ADVERSÁRIOS

Vilmar tem um histórico de concorrência com Caiado. Os dois integravam a mesma legenda, o extinto PFL.

E um dependia do outro para formar o coeficiente eleitoral para que fossem eleitos como deputados.

Com a criação do PSD, que saiu de dentro do DEM, Vilmar Rocha perfilou os descontentes em Goiás e passou a liderar a nova legenda.

O fato agravou ainda mais a relação entre Caiado e Vilmar.

Já faz parte do folclore político goiano a narrativa de que em uma reunião, em 10 de abril de 2003, na comissão executiva do partido, Ronaldo teria jogado um celular em Vilmar Rocha. O motivo: as constantes desavenças entre um e outro.

Os dois negam o ocorrido, mas na época o fato (ou o boato) foi divulgado pelas páginas da imprensa nacional, incluindo o jornal O Globo.

Quem espera um disputa emocionante entre Marconi Perillo e Iris Rezende talvez deveria prestar atenção mais detalhada na luta pelo Senado, que promete ainda muitos capítulos até outubro.