SÃO PAULO

Aliados tentam fazer com que Doria mude de ideia e rejeite a Copa América

Governador disse durante a tarde não se opor à realização do evento em São Paulo

Ala do PSDB amplia pressão pela desistência de Doria de eleição a presidente (Foto: Valter Campanato - Agência Brasil)

Membros do centro de contingência e interlocutores do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), tentam convencê-lo a se posicionar de forma mais crítica à realização da Copa América no Brasil.

Doria disse nesta segunda (31) que São Paulo poderá ser uma das sedes do evento caso seja escolhida pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol). No entanto, os aliados estão preocupados com a repercussão negativa de o Brasil sediar a Copa América em meio à pandemia, além do aumento de casos de infecção por coronavírus nas últimas semanas.

“O governo de São Paulo não fará objeção caso a CBF defina São Paulo como um dos locais de jogos da Copa América, desde que os protocolos do Plano São Paulo sejam obedecidos”, afirmou o governador.

Mais tarde, Doria foi alertado sobre os riscos do evento e para a sua imagem. Ele tem protagonizado embates com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Ambos poderão levar a rivalidade à disputa pela Presidência em 202.

O médico Dimas Covas, diretor do Butatan, disse ao canal Globo News na tarde desta segunda que a realização da Copa América no Brasil não é aconselhável.

“Estamos nesse momento num terreno de incertezas, incertezas em relação às variantes, em relação à progressão da pandemia no Brasil, acho que é uma medida que precisa ser muito estudada, avaliada. Na minha opinião não seria oportuno diante dessas incertezas”, falou Covas à Globo News. “A pandemia no Brasil está sofrendo no momento uma aceleração. A promoção de viagens, contatos, aglomerações não é apropriado nesse momento.”

Na quinta (26), Doria havia recuado na flexibilização das regras de isolamento social e prorrogou a fase de transição do Plano São Paulo até o dia 14 de junho. Apesar do alto patamar de casos, o governo havia anunciado que a fase de transição do Plano SP seguiria até 31 de maio e, a partir de 1º de junho teria início uma nova fase do plano, com ampliação do horário de funcionamento das atividades econômicas até as 22h, por exemplo.

Paulo Menezes, coordenador do centro de contingência contra o coronavírus, disse na ocasião que o adiamento é a medida mais prudente. “Tivemos avaliação de que não seria ainda o momento de poder avançar como havia sido pensado na semana anterior”, falou Menezes. “Houve um aumento na incidência de casos. Semana passada estávamos com 370 casos por 100 mil a cada 14 dias. Hoje, temos 418 casos por 100 mil, um aumento de 10%.”

O número de internações passou de 72 por 100 mil para 77 por 100 mil.