Operação Porta Fechada

Aluno de medicina confessa ter comprado vaga na UFG

Em depoimento, o estudante informou que sabe de outros universitários que também compraram a vaga.

Um aluno de medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG) confessou ter comprado uma vaga na instituição. O estudante de 21 anos, que é natural de Ceres, afirmou ainda saber de outros universitários que fizeram o mesmo. O depoimento foi prestado à Polícia Civil durante a Operação Porta Fechada 2, que investiga fraudes em concursos, incluindo o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

O estudante afirmou na Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra a Administração Pública (Dercap), que o responsável pela negociação foi seu pai e que o homem que oferecia a vaga tinha o nome Gabriel. A Polícia Civil concluiu que seria Gabriel Ribeiro Araújo, preso preventivamente na segunda-feira (30), juntamente com outros sete envolvidos.

O aluno afirmou que só tomou conhecimento de que seria beneficiado no dia em que prestou o Enem, quando seu pai contou, apenas a caminho da prova, que havia negociado a vaga. O jovem foi orientado a preencher apenas dez questões no gabarito e escrever apenas dez linhas na redação.

Segundo o depoimento do estudante – documento que o Mais Goiás teve acesso – ele foi contra a iniciativa do pai, mas mudou de ideia quando ficou sabendo que o mesmo negociou uma casa da família para garantir o ingresso do filho no curso de medicina da UFG.

Fraude

Ainda no depoimento, Gabriel entrou em contato com o estudante no dia seguinte às provas para garantir que o garoto tivesse preenchido os gabaritos do modo combinado. Após três semanas, o mesmo homem ligou para o estudante informando que no dia seguinte ele iria para Brasília terminar a redação acompanhado de uma pessoa de confiança.

No dia marcado, um homem se apresentou ao estudante como Ronaldo e disse que lhe buscaria. O universitário reconheceu Ronaldo Rabelo de Souza, quando o delegado mostrou a foto do mesmo. O homem também foi preso na segunda-feira.

No carro, segundo consta no depoimento do estudante, havia outras três pessoas e que Ronaldo afirmou que um avião do Sul do País estava chegando à Brasília com mais candidatos para fazer a redação. O homem informou ao rapaz que tinha contatos com a Banca Cespe, responsável pela realização do Enem.

O estudante citou o nome de três outros universitários, duas moças e um rapaz, que também compraram a vaga na UFG.

Lista

Na agenda de um dos envolvidos nas fraudes, Antônio Carlos da Silva Francisco, foram encontradas as informações de 18 candidatos que prestaram o Enem 2016 e que teriam participado de negociações para comprar vagas. A Polícia Civil tem conhecimento de que cinco dessas pessoas chegaram ao fim da negociação e conseguiram ingressar na Universidade.

Antônio Carlos da Silva Francisco teve prisão preventiva decretada. A UFG alegou que ainda não foi notificada sobre o caso e, assim que for notificada, vai se posicionar.

 

*Amanda Sales é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Thaís Lobo