Amazônia tem setembro com maior número de queimadas desde 2010
Mais de 36 mil focos de fogo foram registrados no bioma, segundo dados do Inpe
A Amazônia está no pior setembro de queimadas desde 2010. Até domingo (25), foram 36.850 focos de fogo no bioma, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). O número atual de queimadas na Amazônia já é cerca 120% maior do que o registrado no ano passado (16.742).
Desde 2010, quando foram registrados 43.933 focos de incêndio na Amazônia, somente três setembros tiveram mais de 30 mil queimadas, dois deles sob o governo de Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição. Foram eles, 2017, 2020 e o atual 2022.
O mês vem se desenhando crítico desde os seus dias iniciais. Logo na primeira semana de setembro, três dias registraram, consecutivamente, mais de 3.000 focos de calor. Uma sequência de valores tão altos em setembro não acontecia pelo menos desde 2007.
No dia em que o país comemorava o Bicentenário da Independência, a Amazônia queimava e superava o registro de fogo em todo o mês de setembro do ano passado.
As queimadas possuem ligação direta com desmatamento. Desmatadores derrubam a mata, esperam que ela seque e, em seguida, usam fogo para fazer a “limpeza” do local para atividades, especialmente criação de gado. A grilagem também é algo que costuma estar associado ao desmatamento e às queimadas na Amazônia (inclusive, a derrubada é usada como uma forma de “reivindicação” da posse da terra).
Além de setembro, agosto também foi um mês de recordes. A Amazônia teve o mês de agosto com mais queimadas desde 2010. Nos 31 dias do mês em questão foram registrados 33.116 focos de queimadas, segundo dados do Inpe.
Com a ligação entre fogo e derrubada de mata, não é de se surpreender que os níveis de desmatamento também estejam elevados. O desmate na Amazônia em agosto deste ano explodiu em relação ao mesmo mês do ano passado. Foram derrubados 1.661 km² de floresta, um aumento de 81% em relação aos dados de 2021.
O valor é o segundo maior observado em agosto no histórico recente do bioma, desde 2015, perdendo apenas para o de 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro.