Anápolis: PMs se tornam réus por torturar major e fingir que ele estava internado com Covid
Oficial da PM de Goiás foi parar na UTI após treinamento e superiores tentaram forjar Covid como causa, diz denúncia do Ministério Público
Os sete policiais militares acusados de torturar e tentar matar um major durante um curso do Batalhão de Operações Especiais (Bope), em Anápolis, se tornaram réus em processo na Auditoria Militar. A decisão do juiz Érico Mercier Ramos foi publicada na quinta-feira (6).
Consta na denúncia que eles ainda tentaram forjar a causa de uma possível morte como se fosse por Covid-19 para esconder o crime. O militar se recuperou, mas ficou com sequelas.
Os crimes aconteceram em outubro de 2021, mas foram mantidos em segredo por mais de dois anos. A denúncia ainda não foi acatada pelo Judiciário. As investigações apontam que o major, que não teve o nome divulgado, foi torturado com varadas, pedaços de madeira e açoites de corda durante três dias no 12º Curso de Operações Especiais do Bope, na Base Aérea de Anápolis.
As informações no documento constam que o major foi torturado de “maneira brutal”, desmaiou e entrou em coma, ficando vários dias intubado em uma UTI.
Para piorar a situação, segundo o Ministério Público, os policiais esconderam o caso da família do major e tentaram fingir que o oficial estava internado com Covid-19 (como mencionado) e 40% do pulmão comprometido. Isso foi possível, porque a vítima foi inicialmente transferida para um hospital de confiança dos militares e era monitorada por um coronel médico, integrante do curso do Bope.
Em nota, a PM de Goiás informou que o inquérito policial militar sobre o caso foi concluído e devidamente encaminhado para a Justiça Militar. “A Polícia Militar reafirma seu compromisso com o cumprimento da lei e a colaboração com as autoridades judiciais”, consta no documento.