Ancestrais de Silvio Santos foram perseguidos pela Inquisição, relatam livros
Livros de história contam que os Abravanel eram uma das mais antigas e distintas famílias judaicas da península Ibérica
A história da família Abravanel, do apresentador Silvio Santos, está reconstruída em livros que contam as sagas de judeus egressos no Brasil, que enfrentaram a ira da Inquisição católica na Idade Média e de cristãos-novos que ajudaram a construir o país depois da colonização.
Alguns exemplos são ‘A Odisseia dos judeus de Recife’ (de Egon e Frieda Wolff), ‘Atlantic Diasporas: Jews Conversos’ (de Richard Jagan e Philip Morgan) e ‘Comunidades Esquecidas: estudos sobre os cristãos-novos e judeus da Vila de Igararassu’ (de José Alexandre Rimbemboim).
Essas obras contam que os Abravanel eram uma das mais antigas e distintas famílias judaicas da península Ibérica.
A história começa com David Abravanel, no século XVII. David havia sido tesoureiro real na Espanha do rei Felipe IV, e lá viveu como cristão-novo (termo usado para se referir a alguém que foi batizado na Igreja Católica e que se apresentava assim à sociedade, mas que na intimidade continuava a professar a fé judaica).
David foi descoberto pela Inquisição e ficou preso por cinco anos. Em 1632, ele fugiu para Bordeaux (França) e depois para Amsterdâ (Holanda), onde fixou residência e se juntou à comunidade judaica. Os filhos dele, Daniel e Salomão, foram comerciantes e vieram para Pernambuco no Governo Nassau, com a chegada holandesa.
Salomão chegou a ser preso por extorsão no Recife, mas tanto ele quanto o irmão se tornariam figuras importantes na colonização do nordeste brasileiro, por exemplo do comércio varejista, exportação de açúcar e tabaco.
Abravanel ajudou a financiar os esforços militares para conter as revoltas dos portugueses conta a presença holandesa, com a criação da famosa Guarda dos Judeus (Excubiae Iudeorum) do Recife, mas foi em vão. Após a reconquista portuguesa, a família teve que voltar à Europa. Salomão virou corretor da bolsa real de Londres e ganhou o apelido de “brasileiro”.
Foi no século XX que a família Abravanel voltou ao Brasil. Um deles era o jovem Alberto Abravanel, que viria a ser o pai de Silvio Santos.