INVESTIGAÇÃO

Anvisa manda suspender aplicação da vacina da AstraZeneca em grávidas após morte no RJ

Pasta respondeu ao Painel que está reavaliando imunização de gestantes sem comorbidades

Em voo secreto, Itamaraty buscou vacinas da Índia por 10% do valor pago pelo Ministério da Saúde (Foto: reprodução/Agência Brasil)

Ministério da Saúde afirma que investiga o caso de uma gestante que morreu no Rio de Janeiro após ter sido imunizada com a vacina AstraZeneca. Em nota enviada ao Painel, a pasta ainda diz que “reavalia a imunização no grupo de gestantes sem comorbidades.”

A coluna questionou o ministério comandado por Marcelo Queiroga a respeito do tema na tarde desta segunda-feira (10).

O Painel perguntou à pasta sobre dois casos de mortes de gestantes que foram relatados por estados, um na Bahia e um no Rio. O ministério respondeu confirmando apenas a investigação de um deles.

“O Ministério da Saúde informa que foi notificado pelas secretarias de Saúde Municipal e Estadual do Rio de Janeiro e investiga o caso. Cabe ressaltar que a ocorrência de eventos adversos é extremamente rara e inferior ao risco apresentado pela Covid-19.Neste momento, a pasta recomenda a manutenção da vacinação de gestantes, mas reavalia a imunização no grupo de gestantes sem comorbidades”, respondeu o ministério em nota.

A orientação da agência é para que a indicação da bula da AstraZeneca seja seguida. Nela não consta o uso em gestantes.

“A orientação da Anvisa é que a indicação da bula da vacina AstraZeneca seja seguida pelo Programa Nacional de Imunização (PNI). A orientação é resultado do monitoramento de eventos adversos feito de forma constante sobre as vacinas Covid em uso no país. O uso ‘off label’ de vacinas, ou seja, em situações não previstas na bula, só deve ser feito mediante avaliação individual por um profissional de saúde que considere os riscos e benefícios da vacina para a paciente. A bula atual da vacina contra Covid da AstraZeneca não recomenda o uso da vacina sem orientação médica”, diz comunicado da Anvisa, que não diz em que caso específico se baseou para tomar a decisão.

Em abril, o secretário de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde, Raphael Câmara, afirmou que as variantes do coronavírus no Brasil têm se mostrado mais agressivas em grávidas e que a pasta recomenda postergar a gravidez nesse período crítico da pandemia.

Câmara, porém, não especificou a quais variantes se referia nem mostrou pesquisas que comprovem que as novas variantes sejam mais agressivas especialmente nesse público. Ele disse que o ministério já está trabalhando para realizar esses estudos.

Reportagem publicada pela Folha mostrou um salto nas mortes maternas por Covid neste ano, mas apontou como principal fator a falta de assistência adequada, como acesso a UTI e ao procedimento de intubação. Desde o início da pandemia, uma em cada cinco gestantes e puérperas (22,6%) mortas por Covid não teve acesso à UTI e 1 em cada 3 não foi intubada.