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Apadrinhado por Campos, Paulo Câmara vence em PE

O resultado ajuda a manter Pernambuco como a principal força política do PSB, manterá acumulados o governo do Estado com a prefeitura da capital, ocupada por Geraldo Júlio (PSB)

Vitorioso no primeiro turno da disputa pelo governo de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB) confirmou nas urnas a manutenção da força do grupo político de Eduardo Campos no Estado. Com 92 58% das urnas apuradas, Câmara contava com 68,10% votos contra 31,04% do principal adversário Armando Monteiro (PTB), apoiado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela presidente Dilma Rousseff, índices suficientes para apontá-lo como novo governador.

O grupo da Frente Popular também impôs uma derrota ao PT local na briga por uma cadeira ao Senado, uma vez que o ex-ministro da Integração Nacional Fernando Bezerra Coelho (PSB) surpreendeu na reta final e, com 64,5% dos votos, conquistou a vaga. Derrotou o ex-prefeito de Recife, João Paulo (PT), que tinha 34,63% dos votos até aquele instante da apuração.

O resultado ajuda a manter Pernambuco como a principal força política do PSB, manterá acumulados o governo do Estado com a prefeitura da capital, ocupada por Geraldo Júlio (PSB). Campos presidia o partido quando morreu. Com o resultado, integrantes do PSB de Pernambuco dão como certa a busca por espaços no comando nacional da legenda, que deverá escolher os novos integrantes da Executiva e o novo presidente no próximo dia 13 de outubro.

“Pernambuco quer ter uma posição de relevância dentro do partido. Estamos aqui hoje consolidando um projeto vitorioso. Temos a prefeitura da capital, Recife, agora o governo Estadual e uma bancada grande de federais que pode ser a maior do partido. Por isso, Pernambuco quer essa posição de relevância pela historia e compromisso que tem dentro do partido. Mas vamos fazer isso sem arestas”, afirmou ao Estado o prefeito Geraldo Júlio.

Segundo, Fernando Bezerra um “protagonismo” da ala pernambucana pode até não passar pela ocupação da presidência mas em contrapartida seria discutida a ocupação de cargos estratégicos dentro da legenda. “Hoje já na Executiva já tem espaço mas é preciso combinar os cargos dirigentes do partido como a fundação secretaria-geral a composição das vices. Estamos dispostos a construir a unidade do partido, mas com a marca de Pernambuco”, ressaltou Bezerra.

Assim como ocorreu em toda à campanha, o dia da votação também foi marcado pelo sentimento de nostalgia e de lembranças de Campos, morto em acidente aéreo no último dia 13 de agosto. “Um filme está passando na cabeça de todo mundo. Está todo mundo pensando nele (Eduardo) com certeza”, afirmou a viúva Renata ao ser abraçada por um eleitor presente no colégio onde Paulo Câmara votou na manhã de domingo.

Junto com os filhos Maria Eduarda 22 anos, João, de 20, Pedro, de 18, e José Henrique, de 9, ela acompanhou a votação dos candidatos da coligação sintetizando o apoio dado desde o início da campanha aos “escolhidos” de Eduardo.

O fenômeno de uma vitória no primeiro turno de um candidato que chegou a ficar 34% atrás do principal adversário é considerado como uma consolidação da articulação politica comandada por Eduardo e que culminou numa aliança com 21 partidos. Parte deles até às últimas eleições estavam em lado oposto.

Para o cientista político Adriano Oliveira, o “eduardismo” foi, o responsável pelo sucesso da chapa majoritária. Oliveira observou que o fenômeno surgiu em 2012, quando o então governador rompeu com o PT e mostrou a força da sua influência sobre o eleitorado, elegendo prefeito do Recife o seu ex-secretário estadual de Planejamento, Geraldo Julio, um técnico, sem experiência política. “A tragédia apenas fortaleceu o fenômeno”, avaliou.

Para ele, a campanha em Pernambuco tinha dois caminhos: a federalização – com a predominância da disputa nacional – ou a estadualização – tendo em jogo o legado de Eduardo Campos. Segundo ele, a oposição errou ao desprezar a força do “eduardismo” e por não federalizar a disputa. “Houve falta de uma leitura conjuntural da oposição”. A durabilidade do “eduardismo” ainda é uma incógnita, de acordo com o cientista. “Vai perder força com o passar do tempo, mas não se sabe quando isto começará a acontecer”, vaticinou.