ENERGIA

Após criar problemas em Goiás, Enel pode ser expulsa de São Paulo

Apagão que deixou mais de 2,6 milhões de residência sem luz colocou Ricardo Nunes, Tarcísio de Freitas e até Lula em posição contrária à companhia italiana

Antiga sede da Enel em Goiás; companhia italiana enfrentou inúmeros problemas no período que esteve em terras goianas e caminha para ser 'expulsa' de São Paulo (Foto: Divulgação)

Após provocar incômodo em Goiás e praticamente ser expulsa de terras goianas, a Enel pode estar prestes a enfrentar um cenário semelhante no estado de São Paulo. A concessionária italiana, responsável pela distribuição de energia na Grande São Paulo, está sob forte pressão e pode ter seu contrato de concessão encerrado, especialmente após o último apagão em São Paulo, que deixou mais de 2,6 milhões de residências sem luz por mais de 24 horas, entre a sexta (11) e o sábado (12).

O incidente, de acordo com a Folha de São Paulo, unificou o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e até o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em movimentações contra a companhia italiana. Os dois primeiros se posicionaram a favor da rescisão do contrato da empresa e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), responsável pela regulação do setor, sinalizou que poderá retirar os direitos de concessão da Enel, uma medida que parece cada vez mais iminente.

Tarcísio de Freitas intensificou suas críticas contra a Enel, ressaltando que a demora para restabelecer o fornecimento de energia após tempestades não é um problema recente. No ano passado, a cidade de São Paulo enfrentou uma situação similar, com bairros inteiros sem luz por quase uma semana. O governador já havia solicitado o fim do contrato da Enel anteriormente, sem retorno concreto. Desta vez, ele expressou indignação com a possibilidade de a concessionária não conseguir restabelecer integralmente a energia até o início da próxima semana.

Nas redes sociais, o governador reforçou o tom duro: “Mais uma vez, a Enel deixou os consumidores de São Paulo na mão. Se o Ministério de Minas e Energia e, sobretudo, a Aneel tiverem respeito com o cidadão paulista, o processo de caducidade será aberto imediatamente”, declarou Tarcísio. Já o prefeito Ricardo Nunes foi ainda mais direto, classificando a Enel como “inimiga do povo de São Paulo” e responsabilizando a concessionária pela crise energética na capital.

A Enel, empresa de origem italiana, também enfrentou críticas em Goiás, onde sua atuação gerou desconforto no governo loca e durante os quase quatro anos que esteve por aqui, se deparou diante de um duelo político e institucional com o governador Ronaldo Caiado (União Brasil). Quando a negociação com a Equatorial foi consolidada em setembro de 2022, o chefe do executivo fez questão de ir às redes sociais comemorar. De acordo com ele, a venda da Celg para a Enel foi “fraudulenta”.

Agora a história parece se repetir em São Paulo com a Enel estando à beira de ser expulsa do estado, caso não apresente soluções rápidas e eficazes para o problema. Mesmo com investimentos anunciados anteriormente e uma postura de colaboração, a empresa não conseguiu evitar os recentes apagões, que evidenciam falhas graves na prestação de serviços.

A Aneel, que a príncipio havia adotado uma postura branda e tom constitucional favorável a companhia italiana mudou o tom diante do apagão e intimou a empresa a apresentar explicações e um plano de adequação imediata. Caso a resposta não seja satisfatória, a retirada da concessão será considerada. O Ministério de Minas e Energia também se manifestou, criticando a atuação da agência reguladora por não avançar com o processo de caducidade e determinando a criação de uma sala de situação para monitorar o problema.