Após saída de Teich, general deverá ficar como interino e pode autorizar protocolo sobre cloroquina
A resistência de Nelson Teich em permitir a ampliação do uso da cloroquina foi um dos principais pontos que levaram à sua saída do ministério
A saída de Nelson Teich do Ministério da Saúde abriu caminho para que o órgão divulgue um novo protocolo sobre o uso da cloroquina em pacientes infectados pela Covid-19. Fontes no ministério acreditam que o secretário-executivo, o general Eduardo Pazuello, ficará como interino no cargo e será o responsável por avalizar o protocolo, uma exigência do presidente Jair Bolsonaro.
A resistência de Nelson Teich em liberar um novo protocolo para o uso da cloroquina foi um dos principais pontos que levaram à sua saída do ministério. Bolsonaro defende publicamente a liberação da droga para pacientes em estágios iniciais da doença.
Atualmente, o ministério só recomenda o medicamento a pacientes graves e críticos. Teich, no entanto, resistiu à pressão do presidente diante das incertezas sobre a eficácia da droga.
A base do novo protocolo seria o parecer do Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgado em abril. O parecer autoriza médicos a prescreverem cloroquina em qualquer estágio da doença desde que os pacientes sejam informados, previamente, sobre os efeitos colaterais do remédio. Entre os efeitos colaterais da droga estão arritmias cardíacas.
Uma fonte ouvida pelo GLOBO estima que o novo protocolo poderá ser divulgado já na próxima semana, quando o ministério ainda deverá estar sob o comando de Pazzuelo, que chegou à secretaria-executiva do ministério por indicação do Palácio do Planalto.
A estimativa é que o protocolo seja liberado antes mesmo da realização de um amplo estudo realizado pela equipe técnica do ministério que deverá reunir os resultados das principais pesquisas sobre o uso da cloroquina em pacientes com Covid-19 no mundo. O estudo havia sido encomendado por Teich para subsidiar a decisão do ministério sobre o medicamento.
Teich pediu demissão na manhã desta sexta-feira. À tarde, ele fez um pronunciamento de cinco minutos e meio no qual agradeceu à sua equipe pelo trabalho desenvolvido nos 27 das da sua gestão, mas não revelou os motivos que o levaram a deixar o cargo.
Ele foi o segundo ministro da Saúde durante o governo do presidente Jair Bolsonaro. Teich sucedeu Luiz Henrique Mandetta, que também deixou o cargo após desentendimentos com o presidente em torno da cloroquina e do apoio de Mandetta às políticas de distanciamento social como forma de enfrentar a doença. Bolsonaro é crítico a essas medidas e defende a reabertura da economia.