São Paulo

Aproximação de Tarcísio com evangélicos incomoda Marçal: ‘não levante meus irmãos contra mim’

Sem citar o governador Tarcísio de Freitas, Marçal disse: "Eu não estava esperando ataques de quem tem os mesmos princípios e valores"

Candidato Pablo Marçal (Foto: Reprodução)

(Folhapress) O candidato à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) voltou a atacar o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) nesta quinta-feira (12), após acusá-lo de se reunir com lideranças evangélicas e influenciadores para “frear um cara chamado Pablo Marçal”.

“Tenha sua postura de homem, mas não se levante contra mim, não levante os meus irmãos contra mim, que isso vai ser muito ruim para sua carreira política”, disse o candidato antes de se reunir com empresários do setor de restaurantes no Itaim Bibi, zona oeste de São Paulo.

“Não se levante contra mim, porque eu sou um cara que ainda gosta de você, ainda acredita em você. E eu acho que você está descumprindo uma palavra que você falou”, continuou.

De acordo com o jornal O Globo, lideranças evangélicas alinhadas ao prefeito Ricardo Nunes (MDB), que tenta a reeleição, muniram pastores de vídeos de falas polêmicas de Marçal sobre religião, como “homem de Deus come as irmãs de Deus”.

Na quarta-feira (11), o prefeito e o governador se reuniram com pastores em São Paulo.

Ao ser questionado sobre a relação com o governador em um eventual mandato à frente da prefeitura, Marçal disse que pretende governar junto.

“Ele não quer perder o que ele construiu com o Bananinha [apelido dado por ele ao prefeito Nunes]. O Bananinha terminou o mandato agora, eu sou um cara que tem o coração correto, quando acabar a eleição, vou apertar a mão nele, vou dar um abraço nele, e falar: ‘está perdoado toda besteira que você falou do meu nome’.”

Mais cedo, o autodenominado ex-coach transmitiu uma live nas redes sociais em que exibiu olhos marejados. “É um pouco chocante o ciúmes que as pessoas têm do poder, pela fama, pela riqueza. Eu não imaginava que seria desse nível.”

Sem citar o governador, ele continuou: “Eu não estava esperando ataques de quem tem os mesmos princípios e valores”.

Em seguida, ele tirou o boné com a letra M, que virou referência de sua campanha, fechou os olhos e fez uma oração.

No último sábado (7), após participar do ato convocado pelo pastor Silas Malafaia na avenida Paulista, Nunes e Tarcísio visitaram duas igrejas como ato de campanha. Tarcísio falou sobre como “é uma bênção” ter a ajuda de Nunes como prefeito da cidade.

Malafaia divulgou ataques a Marçal nesta quarta, acusando o candidato de usar “neurociência” para manipular o “povo da direita” e os cristãos. Malafaia também se referiu a Marçal como “psicopata” e portador de “bipolaridade”.

Nas redes sociais, o candidato reagiu e pediu para seus seguidores orarem por Malafaia.

Apoiador de Nunes, Tarcísio segue orientação política do ex-presidente Jair Bolsonaro, que anunciou o atual prefeito como seu candidato na capital paulista. Em troca, Nunes aceitou indicação do ex-presidente para escolher seu vice, o ex-comandante da Rota Ricardo de Mello Araújo (PL).

O eleitorado evangélico é alvo de disputa entre Marçal e Nunes, que seguem empatados tecnicamente com Guilherme Boulos (PSOL) em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de votos.

Segundo pesquisa Datafolha, a preferência dessa população paulistana está dividida entre os dois candidatos. Marçal aparece com 29% das intenções de voto do segmento e Nunes tem 27%. Os dois empatam na margem de erro.