ESTACIONAMENTO ROTATIVO

Área azul na região da 44 pode prejudicar pessoas de baixa renda, diz especialista

Na visão de Miguel Ângelo Pricinote, infraestrutura urbana precisa ser adaptada à nova realidade

Área Azul (Foto: Prefeitura de Goiânia)

A Área Azul passou a ser adotada pela Prefeitura de Goiânia na Região da 44 nesta segunda-feira (7). O objetivo, de acordo com a Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM), é democratizar o espaço público e valorizar o cidadão e o comércio. Entretanto, na visão de Miguel Ângelo Pricinote, coordenador do Mova-se Fórum de Mobilidade, o estacionamento rotativo pode prejudicar pessoas de baixa renda e os trabalhadores da região.

O especialista argumenta que, não basta apenas cobrar pela vaga de estacionamento e esperar que o número de carros seja menor ou utilizado de forma mais democrática. Isso porque, a infraestrutura urbana precisa ser adaptada à nova realidade, como oferecendo melhorias nos abrigos dos pontos de ônibus, nas calçadas e mais ciclovias.

“Ao pegar os recursos dos impostos pagos por todos e usá-los para subsidiar o estacionamento público, a prefeitura está prejudicando as pessoas de baixa renda, pois o imposto pago por este grupo acaba financiando o estacionamento gratuito que ele não usa. Tal recurso poderia ser aplicado em meios públicos de deslocamento. […] Ele vai criar mais um obstáculo, sem apresentar uma outra solução”, explica.

Pricinote afirma que a questão referente ao caso específico da 44 precisa ser mais bem explanado. “Qual o impacto que a medida irá causar nos estacionamentos privados na região? A cobrança de estacionamento na via pública não vai acabar forçando esta migração? Usar o ultrapassado método de cobrança via “ticket” de papel não aumentaria fraudes?”, questiona.

Área azul não é o problema

Pricinote afirma também que o conceito de Área Azul não é o problema, mas sim a sua falta de planejamento. Ou seja, não é preciso deixar de adotar o estacionamento rotativo para resolver o problema de mobilidade de todos os grupos. Porém, é necessário desenvolver outras formas de transporte, para que as pessoas não se sintam obrigadas a utilizarem sempre os carros, ou mesmo, tenham qualidade ao usufruir dos meios públicos.

“O conceito de área azul é excelente pois democratiza a utilização do espaço e em relação a aplicação dos recursos públicos. Mas a visão não pode ficar restrita aos estacionamentos em vias públicas na Região da 44. Tem que ver calçadas, ciclovias, pontos de ônibus e o impacto nas demais vias fora da região, buscar atender o maior número de indivíduos e mitigar seus impactos. Fazer uma ação integrada, um planejamento mais holístico”, defende o especialista.

Na visão de Pricinote, se o planejador municipal quiser que os motoristas deixem o carro em casa para diminuir o congestionamento e aumentar a fluidez, precisa dar a eles opções melhores.