Arraias exigem cuidado dos turistas na Temporada do Araguaia
Com o aumento do número de pessoas no local, cresce também a preocupação com as ferroadas de arraias fluviais, peixes comuns no Rio e em seus afluentes.
A temporada oficial do Rio Araguaia acontece entre maio e outubro, com o seu auge em julho, e atrai goianos e turistas de outros Estados. Nesse período, a água do rio fica em um nível mais baixo e surgem os bancos de areia. Com o aumento do número de pessoas no local, cresce também a preocupação com as ferroadas de arraias fluviais, peixes comuns no Rio e em seus afluentes.
Com o corpo em forma de disco, esse peixe de até 30 quilos costuma ficar no fundo dos rios, apoiado na areia. O perigo está aí. Como a arraia fica escondida, pode acontecer de um turista pisar sobre ela, e ser ferroado. O infectologista do Hospital de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT/HAA), Raimundo Nonato, explica que a ferroada é apenas um reflexo do peixe. “As arraias não vão atrás de quem está nadando. Elas soltam o ferrão como mecanismo de defesa. Inclusive, se a pessoa arrastar o pé, vai encostar apenas na lateral dela, e a tendência é que ao invés de ferroar, ela fuja”, diz.
Consequências graves
O ferrão da arraia fluvial, que normalmente tem quase dez centímetros de comprimento, é uma estrutura óssea em forma de faca serrilhada, recoberto por um muco escuro que se rompe na ferroada e libera o veneno. De acordo com o infectologista, é por isso que quem sofre a ferroada, sente uma dor intensa. Ainda segundo ele, além da dor, podem haver consequências graves: “Se não houver o cuidado necessário, a pessoa pode ter problemas como infecção séria no membro, eventual perda do membro, e dependendo da toxicidade do veneno, até arritmias gravíssimas, que levam a óbito rapidamente.”
Por isso, quem for pego de surpresa mesmo com toda a precaução, deve tomar alguns cuidados, tanto no momento do acidente, quanto em longo prazo. O médico ensina que imediatamente após a picada, a região traumatizada deve ser lavada com água e sabão, e posteriormente mergulhada em água morna. Ele explica que a água com temperatura de até 50° C, não só alivia a dor, como destrói boa parte do veneno, e assim evita consequências piores relacionadas ao coração.
O passo seguinte é ir ao hospital. Lá, o médico deve retirar parte dos tecidos afetados pelo trauma, e fazer uma prevenção contra o tétano, além de indicar antibióticos, caso seja necessário. Depois, mesmo quando o turista voltar para casa, é importante dar continuidade ao tratamento com um infectologista ou cirurgião geral e/ou vascular. Em Goiás, o HDT/HAA é referência no tratamento de pacientes vítimas de animais peçonhentos, e os profissionais são preparados para atender pacientes ferroados por arraias.
PREVENÇÃO
Raimundo ressalta que prevenir é essencial, já que, apesar do tratamento, grande parte dos casos deixam sequelas. Ele cita um caso que aconteceu no Rio Araguaia há alguns anos, em que um turista ferroado por arraia só teve reestabelecimento da função do membro traumatizado seis meses depois, e mesmo assim, com algum comprometimento. “Dependendo do trauma causado onde o ferrão destruir, a pessoa não recupera totalmente a função”, diz.
Com tudo isso, o infectologista dá uma dica para quem for ao Rio Araguaia: “Quando caminhar no rio, não levante os pés, ande arrastando”. Segundo ele, apesar de simples, essa é a melhor orientação. (Do Goiás Agora)