Artistas assinam carta em defesa do Pantanal e criticam Bolsonaro
Artistas brasileiros anunciaram que vão assinar uma carta em defesa do Pantanal, bioma devastado por…
Artistas brasileiros anunciaram que vão assinar uma carta em defesa do Pantanal, bioma devastado por queimadas histórias neste ano, e aproveitaram para criticar a condução da política ambiental do governo Jair Bolsonaro (sem partido).
Cerca de 15 cantores, atores e escritores participaram na noite desta quinta-feira (29) de audiência pública virtual da Comissão externa para o Pantanal da Câmara dos Deputados. Esses artistas se comprometeram a assinar uma carta na qual “emprestam suas vozes para o Pantanal”.
O documento lido pelo deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) afirma que recordes históricos de desmatamento e incêndios ambientais são quebrados dias após dias, além de criticar, entre outras questões, os ataques ao trabalho científico aplicado na proteção do meio ambiente.
A carta também fala que a “participação de pessoas amplamente reconhecidas na sociedade” é fundamental para atrair a atenção da população brasileira e, dessa forma, “articular forças vivas para pressionar, reivindicar e reforçar o compromisso do poder público com soluções sustentáveis para nossos biomas”.
Durante a audiência, afirmaram que vão assinar a carta os atores Lucélia Santos, Marcos Palmeira, Thiago Lacerda, Letícia Sabatella e Dira Paes, e os cantores Renato Braz, Tetê Espíndola, Almir Sater e Vera e Zuleika.
“A gente está aqui para pensar soluções. Mas é impossível não falar em um ministro do Meio Ambiente que odeia o meio ambiente. É muito frustrante”, disse o ator Marcos Palmeira, em referência a Ricardo Salles.
Palmeira afirmou que uma das dificuldades atuais é criar um canal de comunicação para informar melhor sobre a importância do meio ambiente para pessoas ainda distantes do tema.
“Ficar só batendo não adianta. Quanto mais você acha o inimigo para bater, mais você fortalece o inimigo”, disse.
Palmeira também criticou a ausência de uma política indigenista, além do fato de a economia brasileira ser estruturada em torno das commodities de exportação.
A atriz Lucélia Santos criticou as medidas da atual gestão para enfraquecer o sistema de proteção ambiental.
“Há muitos anos que esse problema [estiagem] existe no Pantanal e nunca até hoje ocorreu alguma coisa com essa dimensão, com essas proporções. Isso me parece um acidente criminoso”, afirmou.
Lucélia Santos afirmou que artistas e parlamentares devem trabalhar juntos para avançar na origem da situação que provocou as queimadas históricas neste ano.
“Todos nós aqui, nessa mesa de reuniões, sabemos que o sistema protetor do meio ambiente está sendo desmontado, de uma forma criminosa, de uma forma irreversível”, completou.
Também sem citar nomes, o ator Thiago Lacerda ressaltou a “negligência” com os ecossistema.
“Está todo mundo impactado com o que está acontecendo. Me parece que existe algo realmente muito terrível operando no brasil, essa negligência com os ecossistemas, com os biomas, não só o Pantanal”, disse.
“O impacto disso todos nós sofreremos, por muitos anos, por muito tempo. E eu acho que a gente precisa se mobilizar.”
A roteirista Edmara Barbosa, por sua vez, criticou diretamente o presidente Bolsonaro e afirmou que a questão ambiental não pode se dissociar da política.
“A gente vive num país que é o quintal da casa do presidente da República”, disse.
Por outro lado, o cantor Almir Sater evitou atribuir responsabilidade única, argumentando que muitos fatores contribuíram para os incêndios da região.
“Não dá para dizer quem foi o culpado disso aí. São vários fatores”, afirmou.
Natural do Mato Grosso do Sul, o cantor defendeu um debate sério para se chegar a formas de evitar novos incêndios, envolvendo cientistas, pesquisadores e também os pantaneiros da região.
O Pantanal enfrenta neste ano as piores incêndios de sua história. Apenas em setembro, houve aumento de 180% no número de queimadas bioma, em comparação com o mesmo período do ano passado. É o mês com o maior número de ocorrências da história: 8.106.
A área atingida no ano chega a quase 40 mil km², o que corresponde a 26,5% de todo o bioma.