As empresas são delas
Mulheres deixam seus empregos e abrem as próprias empresas em busca de oportunidades melhores e independência
Em busca da independência proporcionada pelo negócio próprio, muitas mulheres se aventuram a empreender em diversos seguimentos. A flexibilidade de horário e a oportunidade de voos mais altos também são motivos que levam muitas a deixarem seus empregos fixos e abrirem suas empresas.
Milena Curado de Barros, de 42 anos, é um exemplo. Formada em Gestão Pública pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e técnica em Conservação e Restauro de Bens Culturais Móveis e Imóveis, ela abriu a própria loja de produtos bordados em 2007. A Cabocla Criações fica na Cidade de Goiás.
“Sempre gostei de trabalhos manuais e os bordados que fazemos aprendi quando tinha 8 anos com a minha avó. As peças são exclusivas”, explica Milena. A empresária viu no empreendedorismo um poder de decisão, de produzir e vender algo diferente e que sempre gostou de fazer.
Antes de abrir o próprio negócio, Milena trabalhou no comércio e em um cartório de registro de imóveis. Ela conta que a filha, de 18 anos, é uma parceira na empresa e sabe todos os processos das mercadorias, mas acredita que não seguirá o mesmo caminho. “Ela é mais do ramo teórico. Gosta de Direito. Acredito que a escolha profissional é algo muito pessoal. Ela tem o direito de ser o que ela quiser”, afirma Milena.
Casada e mãe de dois filhos, a empresária Thaise Calaça, de 36 anos, percebeu uma fraqueza no mercado de lingeries e aproveitou a oportunidade. Ela tem uma confecção especializada em roupas intimas para mulheres gestantes e lactantes.
“A ideia surgiu quando eu estava grávida pela primeira vez. Procurei por peças bonitas, mas não encontrei. Os vendedores sempre falavam que esse tipo de mercadoria não era fácil de encontrar”, conta Thaise. A Amari Lingerie nasceu em 2013 e hoje fornece peças com conceito feminino e ao mesmo tempo funcionais para lojas de roupas íntimas de todo o Brasil.
Formada em Administração, Thaise trabalhava com gestão de eventos antes de empreender. “Tive que me reinventar. Voltei para a sala de aula para estudar sobre o processo produtivo de vestuário”, conta a empresária. De acordo com ela, o mercado foi extremamente receptivo ao produto. Antes de abrir o negócio, Thaise se preocupou em fazer uma pesquisa com mulheres, que apontou o interesse delas pela mercadoria.
No mundo dos negócios, Thaise afirma que o maior desafio é fazer estar bem em todos os papéis. “A empresa é o meu terceiro filho. Também sou esposa e não abro mão de nada. Eu me cobro muito e me preocupo com tudo. Não aceito realizar algo de qualquer forma”, afirma.
Também formada em administração, Cristiane Bandeira, de 30 anos, já sabia que queria empreender antes mesmo de terminar o estágio que fez no Sebrae Goiás. “Eu queria saber em qual papel da minha área eu me encaixava e percebi que meu sonho era ter minha própria empresa”, conta Cristiane.
De acordo com ela, os primeiros passos não foram fáceis, mas em abril deste ano o Centro Estético Hathor, localizada na T-4, completa um ano. “Com a crise, tive que mostrar diferencial para os meus clientes. Eu abro a clínica de segunda a quinta-feira até as 21h. Muitas pessoas já estão pedindo para abrir na noite de sexta também”, diz a empresária.
Como a vontade de empreender sempre existiu, Cristiane juntou todo o dinheiro que precisava para abrir a clínica de estética e conseguiu pagar tudo à vista, mas as contas de cada mês ainda são um desafio. “No início eu não dormia a noite e muitas pessoas me incentivaram a desistir. Mas isso sempre foi o que eu queria fazer. Hoje está tudo mais equilibrado”, afirma.
Entre os principais serviços prestados pelo centro de estética está limpeza de pele, drenagem linfática, radiofrequência facial e corporal, mensagem relaxante e design de sobrancelha.
Papéis
Para a mestre em Psicologia do Trabalho e Coach de Carreira Cyndia Bressan os desafios que a mulher encontra atualmente para empreender está no fato de que os papéis mudaram, mas os novos ainda não estão determinados. “O que se conhece é o antigo, mas não funciona mais. As mulheres sabem que se forem empresárias, vão se sentir realizadas, mas muitas não querem deixar de ser mães e esposas. Isso traz sobrecarga”, explica a especialista.
De acordo com Cyndia, as mulheres vão empreender cada vez mais pelo simples fato de que são maioria. “A competência e versatilidade da mulher são características necessárias para ter uma empresa e fazer alavancar negócios. No caso de atividades de alimentação, moda e estética, a predominância é feminina, sem dúvida”, avalia Cyndia.