Atirador de Campinas é enterrado com música, padre e pedido de perdão
Durante a reza, o padre Antônio Geraldo, da paróquia Cura D'Ars -frequentada pelo pai de Euler- evitou falar sobre o crime
Numa cerimônia reservada, cerca de 50 familiares e amigos acompanharam o velório e enterro de Euler Fernando Grandolpho, 49, entre pedidos de “infinita misericórdia de Deus”, cantos e rezas católicas, nesta quarta-feira (12), um dia após ele matar cinco pessoas e depois se matar na catedral de Campinas -a 5 km do Cemitério Parque Flamboyant.
Durante a reza, o padre Antônio Geraldo, da paróquia Cura D’Ars -frequentada pelo pai de Euler- evitou falar sobre o crime, mas usou passagens de Bíblia para enfatizar o perdão dos pecados e a fragilidade humana.
“Se formos nos deter apenas para o fato acontecido ontem, nós mergulhamos na mais completa desesperança. Na angústia, na dor, e até nas sombras da morte”, disse ao lado do pai, Eder Grandolpho, que, muito abalado, se limitou a agradecer por duas vezes a presença dos que foram ao enterro.
“Perdoai senhor todos os pecados e acolhei sua alma, levando à presença do Altíssimo”, pediu o religioso, antes de convocar os presentes a fazer um coro de “Jesus é Nosso Pastor” e “Segura na Mão de Deus”. Seguidas das rezas do Pai Nosso e Ave Maria.
Os brados, ditos inclusive no momento do sepultamento, se alternavam com o silêncio absoluto -ainda em choque, os parentes evitavam comentar as circunstâncias da morte. A cerimônia foi fechada à imprensa e a segurança na porta do cemitério foi reforçada.
Euler não era católico, não frequentava a igreja e se suicidou, atitude vista como pecado pela religião cristã. O padre, porém, disse que Deus perdoa a todos e que o caso remete à “complexidade da natureza humana, da psicologia humana”.
De acordo com uma amiga de infância, que preferiu não se identificar, há cerca de quatro anos Euler ouvia vozes, tinha alucinações, e foi diagnosticado com esquizofrenia, além da depressão que enfrentava. Por isso, teria surtado e entrado disparando na catedral, segundo ela.
“Com certeza [Deus] não se esconde num coração marcado pelo pecado, porque esse não era o coração de Euler. Tenho certeza que a misericórdia de Deus já alcançou esse filho”, afirmou durante a cerimônia, após o sepultamento às 14h.