ATO

Escola que demitiu professora após crítica de Gustavo Gayer é alvo de protesto, em Goiânia

Grupo vestia a mesma camiseta que motivou a demissão da docente

Ativistas protestam na porta de escola que demitiu professora após críticas de deputado bolsonarista (Foto: Enviada ao Mais Goiás)

Ativistas pela “Educação sem Censura” realizaram uma manifestação, na manhã desta sexta (19), na porta do colégio de Aparecida de Goiânia que demitiu uma professora após ela ser critica pelo deputado federal bolsonarisas Gustavo Gayer (PL). No começo de maio, a docente virou alvo do parlamentar por usar uma camiseta vermelha com a frase “Seja marginal, seja herói”, do artista brasileiro Hélio Oiticica.

Ainda sobre o ato, ocorrido no horário de saída dos estudantes do período matutino, o grupo composto por artistas, professores e advogadas vestia camisas iguais à da professora. Na ocasião, eles também utilizaram uma mordaça.

Vale citar, a manifestação também marcou o surgimento do “Movimento Pela Educação sem Censura” em Goiás. O grupo visa acolher professores que estão sendo perseguidos, ingressar com ações judiciais contra os censores e realizar novos atos para sensibilizar a sociedade goiana da importância de defender a liberdade de cátedra, prevista na Constituição Federal.

Conforme o grupe, professores que estiverem sofrendo ameaçados e quiserem denunciar, podem entrar em contato pelo: [email protected].

Relembre

A professora de história foi demitida de uma escola particular de Aparecida de Goiânia após o deputado Gustavo Gayer criticá-la por usar uma camisa vermelha com a frase do artista Hélio Oiticica – “Seja marginal, seja herói” – e fazer uma postagem nas redes sociais, em 2 de maio. O parlamentar, que associou a frase a criminosos, fez uma montagem com a legenda: “Professora de história com look petista em sala de aula.”

A docente, que começou a trabalhar na escola em janeiro deste ano, tem o costume de ensinar sobre Oiticica, uma vez que o artista costuma aparecer em questões de vestibular – como ocorreu na Universidade de Campinas (Unicamp), em 2022. Ao G1, ela também disse que é comum utilizar camisetas com obras de arte e que sempre explica o contexto histórico da mesma. No caso da vestimenta que gerou a demissão da mesma, a obra é vermelha, por isso a cor da roupa, o que não tem relação com partido.

Já a publicação do parlamentar, onde a escola foi marcada, fez com que seguidores passassem a pressionar a instituição pelas redes sociais. O resultado, como mencionado, foi a demissão.

À época, o Sindicato dos Professores do Estado de Goiás (Sinpro-Goiás) se manifestou e disse que ajuizaria ação contra o deputado na Justiça Federal para solicitar a exclusão das redes sociais disseminadoras de ódio e falsas notícias. Pontuou, ainda, que a página dele “persegue professores em nome do monitoramento da suposta doutrinação”.

A professora também acionou a Justiça. Segundo advogado da mesma, Alexandre Amui, ela pede a exclusão dos vídeos, proibição de novas postagens, direito de resposta e dano moral. A escola também deverá ser acionada na esfera trabalhista. Deputado estaduais do PT também entraram no Judiciário contra Gayer.

Naquele momento, a escola emitiu um comunicado. Segundo a instituição, “ensinar conteúdos polêmicos em sala de aula pode ser um desafio para nós educadores. Porém, como profissionais da educação, temos a responsabilidade de apresentar esses temas de forma imparcial e crítica, sem tomar partido ou influenciar nossos alunos. É importante destacar que a escola não é lugar de propagar ideologias politicas, religiosas ou preconceituosas. Nossa missão é formar cidadãos conscientes e éticos, capazes de compreender e respeitar as diferenças culturais e ideológicas”.

(Foto: Enviada ao Mais Goiás)