O líder do Partido Trabalhista do Reino Unido, Jeremy Corbyn, está enfrentando uma forte oposição dentro do partido, após a decisão do país de deixar a União Europeia. O principal partido de oposição enfrenta turbulências após dois membros importantes terem anunciado a saída do partido neste domingo, o que foi considerado um desafio direto à Corbyn.
Corbyn primeiro demitiu o secretário de Relações Exteriores do Partido Trabalhista, Hilary Benn, após ele ter dito que tinha perdido a confiança na capacidade de Corbyn para liderar o partido. “Não há confiança de que seremos capazes de vencer uma eleição geral enquanto Jeremy continuar na liderança”, disse Benn em entrevista à rede de televisão BBC. “Ele é um homem bom e decente, mas não é um líder. E isso é um problema”.
A demissão de Benn foi seguida pela renúncia da porta-voz de saúde do Partido, Heidi Alexander, que divulgou uma carta dizendo que era necessária uma mudança de liderança. “Aqueles que serão os mais atingidos pelo choque econômico associado com o voto de deixar a União Europeia precisam de uma oposição forte assim como as comunidades que temem o aumento dos níveis de intolerância, ódio e divisão”, escreveu.
No entanto, os aliados de Corbyn anunciaram que vão permanecer em seus postos. A legisladora trabalhista e apoiadora do líder do partido, Diane Abbott, disse hoje que Corbyn não pedirá demissão apesar da crescente oposição, acrescentando que ele ainda é apoiado por membros do partido.
A votação para sair da UE é vista como uma demonstração de oposição ao esquerdista Partido Trabalhista no Reino Unido, e muitos bairros tradicionais que apoiavam os trabalhistas votaram contra a campanha da liderança do partido para permanecer no bloco. Muitas figuras do partido alegam que Corbyn não fez uma campanha eficaz e trabalhou muito pouco para manter o Reino Unido na UE.
Corbyn foi eleito líder do partido em setembro, com um forte apoio da ala mais esquerdista, mas ele não tem desfrutado de apoio semelhante dos legisladores do partido, alguns dos quais agora pedem a sua renúncia. O fracasso na campanha do referendo é considerado um mau presságio para qualquer tentativa futura dos trabalhistas para retomar sua maioria parlamentar que hoje está com o Partido Conservador, que também enfrenta incertezas depois do anúncio de renúncia do primeiro-ministro David Cameron para o próximo outono na Europa.
Há ainda indicações de que outros membros importantes do partido membros de um conselho consultivo de figuras importantes, podem anunciar suas saídas para intensificar a pressão sobre Corbyn. (Associated Press)