Economia

Aumento no preço da soja deve influenciar toda cadeia de produção de alimentos; entenda

Soja é essencial, por exemplo, na fabricação de rações para animais, incluindo gado e aves

O aumento expressivo nos preços da soja, observado nos últimos dias, tem despertado preocupações dentro e fora do setor do agronegócio. Desde a produção de alimentos até a indústria de biocombustíveis, o grão desempenha papel importante em diferentes setores da economia. 

Componente essencial na fabricação de rações para animais, incluindo gado e aves, a soja com preço mais elevado, afeta diretamente os custos de produção como as rações, o que por sua vez pode resultar em preços mais altos para produtos como carne bovina, carne de frango, ovos e leite.

De acordo com análises do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da última semana, a valorização do dólar em relação ao Real e a alta demanda internacional têm contribuído para o aumento dos preços da soja, reduzindo a oferta disponível no mercado interno. Além disso, as estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) alertam para uma possível redução na produtividade da safra brasileira de soja, o que aumenta ainda mais a pressão sobre os preços.

E os efeitos desse aumento não se limitam apenas aos produtos de origem animal. A soja também é amplamente utilizada na indústria de alimentos processados, sendo encontrada em uma variedade de produtos nas prateleiras dos supermercados. “Você pode não consumir o grão de soja na sua alimentação diária, mas ela é base essencial para a produção de carnes, leite e óleos comestíveis no Brasil e no mundo. A cultura contribui diretamente ou indiretamente para a produção de parte dos alimentos que integram a cesta básica dos brasileiros. Seus derivados se transformam em ingredientes fundamentais na fabricação de biscoitos, salgadinhos, bebidas, margarinas, massas para bolos, sorvetes, dentre outros embutidos e industrializados”, explica professor e gestor em Agronegócio, Ricardo Borges.

O especialista explica ainda que, os incentivos para a produção e exportação da soja, atraem agricultores que deixam de produzir alimentos básicos, como arroz, feijão e frutas, contribuindo ainda mais para a inflação de alimentos. A alternativa, durante uma possível alta na commodity, é fazer planejamento. 

“Nós, enquanto consumidores finais, não podemos fazer muito (em relação ao aumento nos preços). Mas o planejamento de consumo ajuda na economia do orçamento doméstico. O ideal é incluir apenas o imprescindível e se concentrar em comprar o que consta na lista, evitando adquirir itens por impulso, gerando gastos extras. Acompanhar as promoções também é uma alternativa para quem está querendo economizar. No caso das compras do mês, a recomendação é buscar pelos atacarejo, que vendem produtos em maior quantidade, muitas vezes por preços melhores. É possível controlar o orçamento e evitar surpresas no caixa e no fim do mês”, ressalta Borges.