BRASIL

Auxílio Brasil de R$ 600 é insuficiente para 56% dos beneficiários, diz pesquisa

Pesquisa mostra que 61% avaliam pacote de benefícios como principalmente eleitoral

(Foto: Agência Brasil)

Uma das principais apostas do presidente Jair Bolsonaro (PL) para crescer nas pesquisas eleitorais, o Auxílio Brasil temporário de R$ 600 é visto como insuficiente pela maior parte da população.

É o que aponta nova pesquisa do Datafolha, contratada pela Folha e que ouviu 2.556 pessoas em 183 cidades de forma presencial na quarta (27) e quinta-feira (28). A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos.

O pacote de medidas contido na PEC dos benefícios sociais, que inclui auxílio para caminhoneiros e taxistas e ampliação do valor do vale gás, também é percebido como eleitoreiro pela maioria dos entrevistados.

Segundo o Datafolha, 56% dos eleitores afirmam que o valor máximo de R$ 600 para o auxílio é insuficiente, 36% classificam como suficiente e 7% avaliam o montante como mais do que suficiente.

Entre os que recebem o benefício, 54% consideram o valor insuficiente, 38% avaliam como suficiente e 8% afirmam ser mais do que suficiente.

Na pesquisa de maio, em que foram questionados sobre o pagamento de R$ 400, valor que será elevado temporariamente de agosto a dezembro, 69% dos beneficiários afirmaram que o benefício era insuficiente, 29% classificavam como suficiente e 2%, como mais do que suficiente.

De acordo com o levantamento, 25% dos entrevistados recebem ou moram com um beneficiário do programa que substituiu o Bolsa Família. Em maio, eram 21%. Entre os beneficiados (diretos ou indiretos), 63% são mulheres.

Motivação eleitoral

Questionados sobre o motivo para o governo oferecer o pacote de benefícios programado para acabar no final do ano, 61% dos eleitores afirmaram que o principal objetivo é ganhar votos para o presidente Bolsonaro.

Outros 31% dizem que o governo quer, principalmente, ajudar as pessoas que estão precisando, enquanto 6% veem as duas motivações em conjunto e 2% não opinaram.

Não há diferença significativa neste quesito entre a opinião dos que são beneficiários (59% avaliam que a motivação é principalmente eleitoral e 32% destacam o objetivo de ajudar os pobres) e os eleitores que não recebem o auxílio (61% e 31%, respectivamente).

Entre os que aprovam o governo, 20% veem o pacote com objetivo prioritariamente eleitoral, e 68% destacam o intuito de ajudar as pessoas. Para os que reprovam a gestão atual, os percentuais são de 87% e 9%, respectivamente. A percepção sobre o objetivo eleitoreiro também é maior entre eleitores de 16 a 24 anos (69%).

Mesmo com a enxurrada de anúncios de benesses econômicas, como o aumento do Auxílio Brasil e, principalmente, a pressão pela queda no preço dos combustíveis, Bolsonaro continua em segundo lugar na pesquisa, praticamente na mesma posição do levantamento anterior.

Outra aposta do governo é o crédito consignado para os beneficiários do auxílio. Reportagem da Folha mostrou que a modalidade ainda não foi liberada pelo governo federal, mas já há oferta de empréstimos, com juros de quase 80% ao ano.

A pesquisa está registrada no TSE com o número BR-01192/2022.