PANDEMIA

Auxílio emergencial não será prorrogado, diz Guedes

Segundo ministro, há pressão política para estender benefício, mas risco de segunda onda é baixo

Guedes diz não há demora no auxílio e que valor de R$ 600 é "insustentável" (Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil)

O ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a dizer nesta segunda-feira que “não existe” possibilidade de prorrogar o auxílio emergencial. Ele afirmou, no entanto, que o governo pode ter que reagir em caso de segunda onda, mas considera esse risco baixo.

— Do ponto de vista do governo, não existe a prorrogação do auxílio emergencial. Evidente que há muita pressão política para isso acontecer, é evidente que tem muita gente já falando em segunda onda. Nós estamos preparados para reagir qualquer evidência empírica. Se o Brasil tiver de novo 1 mil mortes (por dia), nós já sabemos como reagir — disse o ministro, em evento virtual com investidores.

Nos últimos dias, Guedes tem negado a possibilidade de estender o pagamento do benefício. Ele já havia dito o mesmo no início de outubro, mas vem sendo questionado nas últimas semanas sobre o assunto, diante do aumento do número de casos de Covid-19 no país.

O Brasil tem 169.205 mortes por coronavírus confirmadas até as 8h desta segunda-feira, segundo levantamento do consórcio de veículos de imprensa a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde.

Na domingo, às 20h, o balanço indicou 169.197 mortes, 181 em 24 horas. Com isso, a média móvel de mortes no Brasil nos últimos sete dias foi de 484. A variação foi de +43% em comparação à média de 14 dias atrás, indicando tendência de alta nas mortes pela doença.

Já para o número de casos, a média móvel nos últimos sete dias foi de 29.976 novos diagnósticos por dia, uma variação de +71% em relação aos casos registrados em duas semanas.

Reação do mercado financeiro

Diante dos números, Guedes chegou a dizer para supermercadistas — preocupados com o poder de compra das famílias — que a decisão de prorrogar o auxílio era uma certeza em caso de segunda onda.

No entanto, passou a frisar que considera esse risco baixo após a reação negativa de analistas do mercado financeiro, que temem o efeito da medida sobre as contas públicas. A declaração mais enfática sobre isso foi dada nesta segunda, quando o ministro negou a possibilidade de aumento sustentado de casos.

A prorrogação do auxílio emergencial obrigaria o governo a romper o teto de gastos em 2021 ou forçaria a reedição do decreto de estado de calamidade, com impacto direto sobre aumento do endividamento.