Avião de Bolsonaro arremete no MT por causa de fumaça de queimadas
O voo que levou o presidente Jair Bolsonaro ao Mato Grosso nesta sexta-feira precisou arremeter…
O voo que levou o presidente Jair Bolsonaro ao Mato Grosso nesta sexta-feira precisou arremeter por falta de visibilidade, provocada por queimadas na região. O pouso ocorreu na segunda tentativa e o presidente passa bem. A infomação foi dada por Bolsonaro, durante homenagem de produtores rurais ao presidente, em Sinop (MT).
— Quando nosso avião foi pousar hoje, ele arremeteu. É a segunda vez que isso acontece na minha vida, uma vez foi no Rio de Janeiro, e, obviamente, sempre é algo anormal. No caso, é que a visibilidade não estava muito boa. Para nossa felicidade, na segunda vez conseguimos pousar — explicou.
A empresa responsável pela administração do aeroporto de Sinop, Centro-Oeste Airport (COA), confirmou que o problema foi provocado pelas queimadas na região e disse que vem registrando episódios semelhantes nos últimos dias.
O desmatamento na Amazônia brasileira saltou 34,5% nos 12 meses até julho deste ano, segundo dados preliminares do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe). Outros números, do programa Queimadas, também do Inpe, mostraram que setembro de 2020 já registrou mais queimadas na Amazônia em 14 dias do que em todo o mesmo mês do ano passado. Do dia 1º até o dia 15 foram identificados 20.485 focos de calor, contra 19.925 nos trinta dias de setembro de 2019.
Dados do Inpe também indicam aumento de 208% nas queimadas no Pantanal entre 1º de janeiro e 16 de setembro deste ano em relação ao mesmo período de 2019. Neste ano, foram registrados 15.756 focos de incêndio no bioma, o maior número desde que o monitoramento começou. Segundo o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), pelo menos 2,9 milhões de hectares do Pantanal já foram destruídos pelo fogo, o equivalente a 19% de toda a sua área. Na Amazônia, o aumento das queimadas é de 12%.
Durante o evento, o presidente afirmou que o Brasil é “exemplo para o mundo” na preservação ambiental. Também participaram da cerimônia o governador do Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM), e dos ministros da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno.
— Nós estamos vendo alguns focos de incêndio acontecendo no Brasil, isso acontece ao longo de anos, e temos sofrido uma crítica muito grande, porque obviamente quanto mais nos atacarem melhor interessa para os nossos concorrentes, para aquilo que nos temos de melhor que é o nosso agronegócio — disse, acrescentando:
— Países outros que nos criticam não têm problemas de queimadas porque já queimaram tudo em seu país. Nós temos a matriz mais limpa energética do mundo, nós, proporcionamente, ocupamos a menor área para agricultura ou para pecuária que qualquer outro país do mundo. Nós somos um exemplo para o mundo.
O presidente afirmou ainda que a Organizações das Nações Unidas (ONU) queria que o governo brasileiro aumentasse a área de demarcação de terras indígenas de 14% do teritório para 20%, mas que ele rejeitou essa demanda.
— Falhei: não. Nós não podemos sufocar aquilo que nós temos aqui, que temos garantidos não só a nossa segurança alimentar, bem como a segurança alimentar para mais de um 1 bilhão de habitantes no mundo — comentou.
Amazônia dos ‘produtores rurais’
Durante a cerimônia, o secretário nacional de Assuntos Fundiários, Nabhan Garcia, referiu-se ao ditador militar Emílio Garrastazu Médici como “saudoso” e afirmou que a Amazônia é do Brasil e dos “produtores rurais”.
— A Amazônia brasileira é do Brasil, é dos produtores rurais. Presidente Bolsonaro, quando muitos de nós chegamos aqui, a minha família chegou aqui em 1975, junto com muitos, aqui não tinha estrada, aqui não tinha cidade, aqui não tinha hospital, aqui só tinha gente com coragem de desbravar, chamadas pelo então presidente Emílio Garrastazu Médici, saudoso presidente Médici — disse.
Em seguida, fez críticas ao “pessoal do sapatinho engraxado da Avenida Paulista” e a “alguns bancos que nunca estiveram aqui”. Segundo Nabhan, esses grupos “querem vender e entregar a nossa Amazônia para interesses escusos daqueles que não fazem o dever de casa lá fora”.