Avon demite executiva que mantinha idosa em situação análoga à escravidão
A idosa não identificada trabalhava para a família há 20 anos. A empresa informou ainda que está se mobilizando para prestar acolhimento à vítima
A Avon anunciou hoje a demissão da executiva Mariah Corazza Üstündag, de 29 anos, após denúncias de violação dos direitos humanos contra uma idosa de 61 anos. A empresa informou ainda que está se mobilizando para prestar acolhimento à vítima.
Segundo informação publicada pelo jornal “Folha de S.Paulo”, Mariah mantinha em sua casa no Alto de Pinheiros, bairro nobre da zona oeste da capital paulista, uma senhora em condições análogas à escravidão. A idosa não identificada trabalhava para a família há 20 anos.
Mariah chegou a ser presa, mas foi liberada depois de pagar fiança no valor de R$ 2.100. O marido dela, Dora Üstündag, de 36 anos, também foi indiciado pela Polícia Civil.
“Com grande pesar, a Avon tomou conhecimento de denúncias de violação dos direitos humanos por um de seus colaboradores. Diante dos fatos noticiados, reforçamos nosso compromisso irrestrito com a defesa dos direitos humanos, a transparência e a ética, valores que permeiam nossa história há mais de 130 anos. Informamos que a funcionária não integra mais o quadro de colaboradores da companhia. A Avon está se mobilizando para prestar o acolhimento à vítima”, disse a empresa, em nota enviada ao UOL.
Mais cedo, a Avon já havia sido questionada por vários seguidores nas redes sociais sobre o caso e o posicionamento da empresa.
“Como consumidora da marca, estou aguardando um posicionamento da empresa em relação à funcionária que mantinha a idosa escravizada. Caso não tenha um posicionamento, perdeu uma cliente. Obrigada”, perguntou uma seguidora.
Em resposta, o perfil oficial da Avon informou o “afastamento” da funcionária e que estava apurando “os detalhes para aplicar as medidas cabíveis de acordo com nosso Código de Ética e Compliance e da legislação brasileira”. Agora à noite, a demissão foi confirmada pela empresa.
O quarto em que a mulher vivia, segundo a procuradora do trabalho Alline Pedrosa Oishi Delena, era uma espécie de depósito e tinha cadeiras, estantes e caixas amontoadas. Um sofá velho era utilizado como cama. Não havia banheiro disponível no local.
À Folha, a procuradora disse também que o MPT chegou à vítima graças a uma denúncia de trabalho escravo e violação de direitos humanos feita por meio do Disque-100, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
Sem registro, sem férias, sem 13º…
Segundo reportagem da Folha, a senhora resgatada foi contratada pela família como empregada doméstica no ano de 1998. Ela chegou a trabalhar sem registro em carteira por 13 anos, não teve férias nem 13º salário.
Ontem, a Justiça do Trabalho em São Paulo atendeu a um pedido feito pelo Ministério Público do Trabalho e bloqueou a casa da família para que não fosse vendida até o fim do processo. Também determinou a liberação de três parcelas do seguro-desemprego para a vítima.