Barroso ironiza críticas às urnas eletrônicas e enaltece realização de eleições
O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Luís Roberto Barroso, afirmou na noite deste…
O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Luís Roberto Barroso, afirmou na noite deste domingo (29) que a realização das eleições em meio à pandemia do coronavírus foi positiva e reafirmou que não há risco de fraude às urnas eletrônicas.
O magistrado não citou o presidente Jair Bolsonaro, que voltou a questionar o sistema eleitoral neste domingo, mas ironizou quem contesta a tecnologia usada no Brasil e disse que nunca foi comprovada qualquer fragilidade nas urnas.
“Quem não quer entender não tem remédio na farmacologia jurídica para resolver”, frisou.
Barroso disse que, “para além da retórica sobre a qual ninguém tem controle”, jamais foram apresentados indícios contra o sistema brasileiro.
Os problemas de atraso ocorridos na totalização de votos no primeiro turno, no dia 15, não se repetiram no segundo turno. Às 20h, os computadores do tribunal contabilizavam 99,81% das seções de votação totalizadas.
Cerca de 26,6 milhões de eleitores compareceram às urnas, um total de 70,53%. O TSE registrou 1 milhão de votos brancos (3,89%) e 2,3 milhões de votos nulos (3,89%). A abstenção chegou a 11,1 milhões, representando 29,4% do eleitorado.
Barroso iniciou a coletiva fazendo um balanço do processo eleitoral e ressaltou o fato de o pleito ter sido realizado ainda em 2020 mesmo com a pandemia do coronavírus, o que impediu a prorrogação de mandatos.
O ministro ressaltou que o TSE fez uma comissão de especialistas em saúde para planejar a eleição e que o Congresso atuou de maneira célere para aprovar o adiamento da eleição de outubro para novembro.
A mudança de data, disse o ministro, fez com que a eleição acontecesse em um período em que a incidência do coronavírus está menor que a metade do que esteve em momento de pico.
“E no geral em todo o Brasil todas as medidas de segurança foram observadas, as pessoas usaram máscara e respeitaram os protocolos”, disse.
Barroso também disse que o número de abstenções foi “bastante bom dentro do cenário de pandemia”.
O presidente do tribunal ressaltou as parcerias feitas entre o TSE e representantes das redes sociais para coibir a propagação de fake news.
O ministro minimizou o atraso na apuração do primeiro turno e exaltou o fato de o resultado ter sido divulgado “ainda na noite do dia das eleições”.
“Isso fez com que a OEA, que aqui funciona como observadora das eleições, registrasse que esse é o mais ágil e seguro sistema de apuração eleitoral das américas, e somos muitos orgulhosos desse reconhecimento”.
No primeiro turno, a divulgação do resultado atrasou cerca de duas horas e meia. Na ocasião, Barroso afirmou que a lentidão no sistema tinha sido causada por uma falha em um dos núcleos do supercomputador que processa a totalização dos votos.
No dia seguinte, o presidente da corte concedeu nova entrevista coletiva acompanhado de técnicos da área de tecnologia da informação do tribunal para prestar mais esclarecimentos e mudou de versão.
O magistrado disse que, na verdade, a lentidão havia acontecido devido à demora do supercomputador para absorver os votos que chegavam de todo o país.
Isso ocorreu porque este foi o primeiro ano que o TSE ficou responsável por totalizar os votos, o que antes era feito pelos tribunais regionais eleitorais.
Neste domingo, Barroso voltou a afirmar que não houve mudança de versão em relação ao problema que levou ao atraso na divulgação do resultado do primeiro turno.
Ele disse que atuou com transparência e que, incialmente, o diagnóstico era de que um dos processadores tinha dado problema, mas que depois identificou-se que a falha ocorreu na inteligência artificial do super computador responsável por totalizar os votos de todo o país.
Segundo o ministro, a pandemia do coronavírus impediu a realização de testes prévios na tecnologia de totalização fornecida pela Oracle. A empresa foi contratada sem licitação, entre outras justificativas por operar vários sistemas do tribunal.
Barroso, porém, minimizou o problema e ressaltou que um atraso de duas horas não configura uma situação de grande gravidade.
“Tem país esperando há 14 dias a divulgação final do resultado [das eleições]”, afirmou, em clara referência aos EUA.
A ação de hackers no domingo do primeiro turno contribuiu para aumentar o clima de desconfiança sobre a segurança do sistema eleitoral. Os responsáveis pelo ataque vazaram informações de ex-ministros e servidores do tribunal.
A pedido do presidente do tribunal, a Polícia Federal abriu uma investigação para identificar os responsaveis pelo ataque cibernético.
No sábado (28), com a ajuda de autoridades portuguesas, a polícia deflagragou uma operação para desarticular o grupo.
Em Portugal, foi preso um jovem de 19 anos, conhecido como Zimbrius, apontado como líder da oargnização que tem promovido ataques cibernáticos contra instituições governamentais e financeiras em todo o mundo.
Além de Zimbuius, a PF fez busca e apreensão contra três brasileiros na faixa etária dos 19 aos 24 anos em São Paulo e Minas Gerais.
Por volta das 17h, horário de encerramento da votação, Barroso se dirigiu para o centro de tecnologia da informação do TSE para acompanhar o início da totalização dos votos.
O presidente do TSE comentou a prisão do hacker em Portugal. “A investigação foi feita por requisição minha. A Polícia Federal foi extremamente eficiente, em colaboração com a polícia portuguesa”, disse o presidente do TSE.
O segundo turno ocorreu em 57 cidades, num total de 39,2 milhões de eleitores. Foram 97.024 urnas utilizadas, sendo 713 (0,49%) por questões técnicas.
Uma seção da capital paulista precisou recorrer à votação manual, diante de problemas nas urnas eletrônicas.
Ela fica na Escola Municipal Firmino Tibúrcio da Costa, na rua Pedro Morcilla Filho, na zona leste da cidade. O motivo informado no sistema é um erro de hardware, segundo o TSE.
No início da tarde, Barroso recebeu no TSE o diretor-geral da PF, delegado Rolando Souza, que fez um relato sobre o andamento das eleições “Ele veio aqui para fazer uma exposição e está tudo relativamente tranquilo.”, afirmou o ministro.
Segundo o Ministério da Justiça, foram registrados 52 casos de boca de urna, 8 situações de compra de votos e 94 ocorrências de desobediências às regras eleitorais.
Foram apreendidos uma arma de fogo, seis veículos e 1.050 materiais de campanhas irregulares, estimados em R$ 16,3 mil.
Além disso, 53 eleitores foram conduzidos à delegacia e não foi registrado nenhum crime por parte de candidatos.