ESPÍRITO SANTO

Bebê de 7 meses passa mal e morre após engolir lagarta, diz mãe

Um bebê de sete meses morreu depois de passar mal por ter engolido uma lagarta,…

Um bebê de sete meses morreu depois de passar mal por ter engolido uma lagarta, disse ao jornal A Gazeta a mãe da criança, a dona de casa Natalia Gotardo Ferreira, de 23 anos. O caso aconteceu em Praia do Riacho, Guarapari, no Espírito Santo, no último dia 19. A Polícia Civil investiga as circunstâncias do óbito, classificado como “suspeito”.

De acordo com Natalia, seu filho, Enrico Gotardo Ferreira, começou a passar mal no último dia 11, quando vomitou. Na ocasião, ela e o marido encontraram uma lagarta no conteúdo restituído pelo filho. Os pais da criança não sabem dizer quanto tempo Enrico ficou com a lagarta no organismo —inicialmente, eles pensaram que fosse algum pedaço de carne.

À Gazeta, a mãe explicou que levou Enrico três vezes para o Hifa (Hospital Materno Infantil Francisco de Assis), em Guarapari. A primeira ida à unidade foi no dia em que percebeu a lagarta, quando relatou o ocorrido. Lá, ela foi informada de que o filho estaria com uma infecção decorrente de uma virose, e foi assegurada de que a lagarta ingerida não era venenosa.

“Disseram que era uma virose, uma gastroenterite. Me passaram uma segurança de que o bicho não era venenoso. Que seria suficiente só observar meu filho”, contou.

Como a criança não apresentava melhora, os pais retornaram ao Hifa em outras duas ocasiões. Em seguida, eles buscaram um médico particular no dia 19 de agosto. A mãe relata que na consulta privada, o doutor se “assustou” com o quadro clínico de Enrico, e disse “que o bebê deveria estar internado desde o primeiro dia” porque não se tratava de uma virose.

“Ele mandou correr para o Himaba [Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves, em Vila Velha], porque o neném estava entrando em estado catabólico”, acrescentou.

Estado catabólico é quando o corpo começa a fazer uso de outras fontes de energia para manter o funcionamento. No caso de Enrico, estava sendo retirada a energia da musculatura dele, como alternativa para manter o funcionamento normal do organismo.

Naquele mesmo dia, os pais de Enrico levaram o filho ao Himaba, em Vila Velha, onde ele foi intubado. Entretanto, a criança não resistiu e morreu. Segundo os pais, o bebê já estava com uma infecção pulmonar, o que comprometeu o funcionamento dos órgãos.

Em nota enviada ao UOL, a direção do Himaba relatou que quando Enrico chegou à unidade ele estava “em estado gravíssimo” e que, embora a equipe de saúde tenha “utilizado todos os recursos para preservar sua vida”, a criança morreu cerca de 40 minutos depois de chegar ao hospital.

Polícia Civil investiga

Ao UOL, a Polícia Civil do Espírito Santo informou que foi acionada no último dia 20 “para o recolhimento de um bebê de sete meses” no SVO (Serviço de Verificação de Óbito), em Vitória, “devido a causa da morte ser suspeita”.

“O corpo foi encaminhado para o Departamento Médico Legal (DML) de Vitória, para ser necropsiado e foi liberado para os familiares no Departamento Especializado de Homicídio e Proteção à Pessoa (DEHPP). O procedimento será encaminhado, inicialmente, para a Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Guarapari, que aguardará os resultados dos exames”, completou o órgão.

Bebê estava em ‘estado gravíssimo’, diz hospital

À reportagem, o Himaba (Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves) relatou que Enrico Gotardo Ferreira “deu entrada na emergência da unidade na última sexta-feira (19) com quadro gravíssimo”.

“O paciente foi assistido pela equipe médica e todos os recursos utilizados para preservar sua vida, mas, lamentavelmente, o paciente foi a óbito menos de 40 minutos depois que deu entrada na unidade hospitalar. A direção se solidariza com a família e está à disposição para mais informações.”

Conforme o Himaba, o CIATox (Centro de Informações e Assistência Toxicológica) informou “que após análise do caso foi constatado que a lagarta ingerida não se tratava de espécie do gênero peçonhento”.

“A condução clínica do atendimento seguiu sendo realizada pelo serviço que estava prestando a assistência ao paciente. Os profissionais do CIATox prestam consultoria especializada relacionadas a acidentes toxicológicos. Orientam e dão assistência ao paciente que foi exposto a algum agente tóxico que envolve animais peçonhentos, produtos químicos e medicamentos, por exemplo”, completou.

O que diz o Hifa?

O UOL entrou em contato com o Hospital Materno Infantil Francisco de Assim, de Guarapari, mas não obteve retorno. Entretanto, à Gazeta a unidade hospitalar disse que de fato Natalia Gotardo Ferreira esteve na unidade em três ocasiões com o filho, Enrico Gotardo Ferreira, e ressalta que foram realizados “todos os exames necessários, inclusive o rastreio infeccisioso e o raio-x”.

Conforme o Hifa, devido ao fato de o bebê ter apresentado um “bom estado geral”, além de não apresentar alterações nos exames feitos, ele foi liberado com orientações médicas.