PÓS-ELEIÇÕES

Bloqueios em rodovias caem para 150 e são registrados em 15 estados, diz PRF

Manifestantes que não aceitam o resultado das eleições presidenciais obstruem o tráfego em 150 rodovias…

Manifestantes que não aceitam o resultado das eleições presidenciais obstruem o tráfego em 150 rodovias federais nesta quarta-feira. As informações foram divulgadas no último balanço da Polícia Rodoviária Federal (PRF), divulgado às 11h20. No começo da manhã, o número de pontos com bloqueios era de 167. Na véspera, a corporação chegou a monitorar 271 locais com intervenções de bolsonaristas. Os protestos são realizados por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) insatisfeitos com a vitória nas urnas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em nota publicada nas redes sociais, a PRF informa que desfez 631 manifestações em rodovias espalhadas pelo Brasil desde segunda-feira. De acordo com a corporação, os agentes realizaram 1992 autuações referentes à obstrução das rodovias federais.

Segundo o balanço, ainda há PRF interdições e bloqueios no Acre, Amazonas, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Paraná, Rondônia, Santa Catarina e São Paulo.

Os estados mais trechos bloqueados total ou parcialmente são Santa Catarina (36), Mato Grosso (30) e Paraná (20).

O ministro da Justiça Anderson Torres comentou na manhã desta quarta-feira sobre as interdições em rodovias federais. Por meio do Twitter, ele citou o presidente Bolsonaro e não pediu o fim dos protestos. Assim como o mandatário, Torres limitou-se a solicitar “que as manifestações não impeçam o direito de ir e vir de todos”.

Rodovias estaduais

Conforme informações divulgadas também nesta manhã pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, já foram dissolvidos 147 pontos de bloqueio em avenidas da capital e em rodovias estaduais e federais no território paulista até esta quarta-feira. O último deles foi na SP-280, a Rodovia Castello Branco, uma das principais do estado.

A liberação ocorreu por volta do meio-dia desta quarta-feira. A Castello Branco foi desbloqueada após o governo estadual enviar 20 carros da Tropa de Choque. Os agentes usaram jatos d’água e bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes.

A pasta informa também que, na capital, o único ponto de concentração de manifestantes acontece no Paraíso, Zona Sul da cidade. Na rodovia Hélio Smidt, que dá acesso ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, o trânsito foi liberado parcialmente.

A Polícia Militar do Paraná informou que há 35 pontos de bloqueios nas rodovias estaduais, sendo oito totalmente interditados e 27 de forma parcial. A corporação acrescentou que 40 trechos de rodovias foram totalmente liberados e que monitora 74 manifestações que acontecem sem nenhum bloqueio de ruas ou rodovias.

Em Santa Catarina – estado com mais estradas federais bloqueadas – há ainda 34 trechos de rodovias estaduais com manifestações. Segundo a Polícia Militar, 50 pontos já foram liberados.

Início dos protestos

Os bloqueios em estradas e rodovias começaram ainda na noite de domingo, quando bolsonaristas ocuparam trechos da BR-163 no Mato Grosso.

Na tarde desta terça-feira, enquanto as paralisações ocorriam ao redor do país, o presidente Jair Bolsonaro fez seu primeiro pronunciamento após a derrota de domingo. Ele agradeceu aos 58 milhões de votos e afirmou que a reação dos seus apoiadores é “fruto da indignação e sentimento de injustiça de como se deu as últimas eleições”. No entanto, em seguida, o presidente criticou o uso de “métodos da esquerda”.

Líderes da greve dos caminhoneiros de 2018 e entidades da classe chegaram a condenar, nesta segunda-feira, os bloqueios nas estradas. Segundo eles, as paralisações desta semana seriam de responsabilidade de grupos isolados e que poderiam prejudicar a economia. Eles afirmaram ainda reconhecer a vitória de Lula no segundo turno das eleições, neste último domingo.

Efeito na economia

Os bloqueios em rodovias federais acenderam um alerta entre o setor empresarial brasileiro, que durante a tarde desta terça-feira passou a manifestar o temor de escassez de suprimentos, como combustível e querosene de aviação — nesta segunda-feira, 500 passageiros não conseguiram chegar no Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos, e voos foram cancelados. No Rio de Janeiro, viagens que partiam da rodoviária foram canceladas por dificuldade de deslocamento. A mesma dificuldade de abastecimento foi manifestada por associações supermercadistas.