Relações exteriores

Bolívia tenta fortalecer relação com Espanha após conflito diplomático

Embaixadores da União Europeia e da Bolívia se reuniram em La Paz

"Se percebermos que há dificuldades para convocar as eleições, uma das sugestões que o Ministério da Presidência fará é que convoquemos eleições imediatamente por meio de algum outro instrumento legal", afirmou Justiniano

A chanceler boliviana, Karen Longaric, anunciou que enviará o vice-ministro das Relações Exteriores, Gualberto Rodríguez, para assumir o cargo de encarregado de Negócios em Madrid. O gesto busca restaurar e fortalecer as relações com país europeu, após desgaste criado com o incidente na embaixada mexicana em La Paz.

Jeanine Áñez, presidente interina da Bolívia, afirmou que o país “deseja superar este impasse o mais brevemente possível e manter estreitas relações com o Reino da Espanha, como tradicional respeito e amizade que sempre as caracterizaram”.

O anúncio aconteceu depois de uma reunião entre embaixadores dos países membros da União Europeia e a chanceler boliviana, em La Paz, para dialogar sobre a expulsão de diplomatas da Espanha e do México. A medida, tomada pelo governo boliviano há quatro dias, foi duramente criticada pela UE, que considerou que “a expulsão de diplomatas é uma medida extrema e inamistosa que deve ser reservada para situações de gravidade”.

A reunião contou com a presença do vice-chefe da delegação da UE em La Paz, Jörg Schreiber, além de uma dezena de diplomatas europeus. Após a reunião, Schreiber disse à imprensa que foi “um diálogo muito aberto, construtivo e honesto, que ajudou a esclarecer a situação” e afirmou que será mantida uma boa “relação com o governo interino boliviano”.

No início desta semana, a Bolívia havia declarado personas non gratas a encarregada de Negócios da Embaixada espanhola, Cristina Borreguero, e o cônsul espanhol, Álvaro Fernández. Além deles, a embaixadora mexicana na Bolívia, Maria Teresa Mercado, também recebeu ordem para deixar o país em 72 horas.

Longaric, chanceler da Bolívia, reiterou que esse incidente não afetou as relações bilaterais entre os dois países. “Este governo nunca faria uma determinação extrema dessa natureza (de romper relações com a Espanha); simplesmente a decisão foi de retirar a confiança em um funcionário diplomático, o que não implica afetar as relações com seu país”, afirmou.

Entenda o caso

No dia 27 de dezembro, dois diplomatas espanhóis (Cristina Borreguero e Álvaro Fernández) foram à embaixada mexicana em La Paz para uma reunião com a embaixadora Maria Teresa Mercado. No portão de entrada, houve tensão entre policiais bolivianos e agentes espanhóis que acompanhavam os diplomatas.

A polícia boliviana teria tentado impedir a entrada do veículo diplomático pois os seguranças que fazem a escolta dos funcionários da embaixada espanhola estariam encapuzados. Apesar da tensão, os diplomatas espanhóis puderam entrar na embaixada mexicana.

Na residência oficial mexicana estão asilados, desde novembro, cerca de uma dúzia de ex-funcionários do governo Evo Morales, vários deles acusados pelo governo de Áñez por crimes como terrorismo.

A Bolívia interpretou o acontecido como uma tentativa dos diplomatas de favorecer a fuga dessas autoridades ligadas a Evo Morales, acusação rejeitada pelo governo espanhol desde o início. De acordo com a Espanha, se tratava de uma visita de cortesia e os diplomatas estavam acompanhados de escolta por segurança.

A decisão boliviana de expulsar os diplomatas foi interpretada como um gesto hostil e, em retaliação, o país europeu também expulsou três diplomatas bolivianos.