Bolsa aprofunda queda ante temores sobre gastos da gestão Lula
Ações negociadas na Bolsa de Valores brasileira nesta quarta-feira (16) apresentavam acentuada desvalorização, enquanto o…
Ações negociadas na Bolsa de Valores brasileira nesta quarta-feira (16) apresentavam acentuada desvalorização, enquanto o dólar fechou o pregão com expressivo ganho em relação ao real. Investidores aguardam definições sobre os gastos extra-teto que serão incluídos na PEC da Transição.
Às 17h02, o índice Ibovespa recuava 2,58%, aos 110.238 pontos, depois de ter mergulhado mais de 3% ao longo do dia. O dólar comercial à vista caiu 1,52%, valendo R$ 5,3840 na venda.
Reforçando sinais de que investidores consideram neste momento que há risco de aceleração da inflação devido ao aumento dos gastos públicos no ano que vem, o mercado de juros futuros também apresentava forte alta. A taxa DI (depósitos interbancários) para 2024 passava dos 14% ao ano nesta tarde.
A equipe do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pretende apresentar nesta quarta a minuta da PEC (proposta de emenda à Constituição) da Transição para retirar R$ 175 bilhões em despesas previstas com o Bolsa Família do alcance do teto de gastos.
O vice-presidente eleito e coordenador da transição de governo, Geraldo Alckmin, apresentará o texto da PEC às 18h, no Senado, disse nesta quarta o líder do PT na Casa, senador Paulo Rocha.
Rocha afirmou que a medida vai retirar do teto, exclusivamente, o Auxílio Brasil de R$ 600 reais, com adicional de R$ 150 por criança nas famílias beneficiadas pelo programa, que deverá ser renomeado como Bolsa Família.
“O mercado segue precificando risco fiscal com forte alta nos juros futuros e penalizando ativos de risco com desvalorização de quase todas as ações do índice Bovespa”, comentou Leandro De Checchi , analista da Clear Corretora.
O mercado doméstico também tinha o seu desempenho prejudicado pela baixa no exterior, onde investidores da Bolsa de Nova York vendiam ações para receber os lucros obtidos nos últimos dias. O S&P 500, parâmetro do mercado americano, caía 075%.
Nesta terça (15), os principais mercados mundiais de ações fecharam em alta, enquanto o mercado de ações brasileiro permaneceu fechado devido ao feriado da Proclamação da República.
O S&P 500 subiu 0,87%, enquanto Dow Jones e Nasdaq ganharam 0,17% e 1,45%, respectivamente.
Analistas atribuíram a alta em Wall Street à renovação do otimismo quanto à possibilidade de que o Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) irá desacelerar o ritmo de aumento da sua taxa de juros. Dados que mostraram uma trégua na inflação ao produtor em outubro reforçaram esse sentimento.
Além disso, o aperto de mãos entre Joe Biden e Xi Jinping criou expectativa de estabilidade na relação entre os EUA e a China.
Na segunda-feira (14), o mercado financeiro do Brasil deu sinais de recuperação após um tombo na semana passada. Investidores ajustaram suas expectativas diante de rumores de que o novo governo avalia reduzir o gasto extra-teto em relação ao inicialmente previsto.
Depois de altos e baixos ao longo do dia, o Ibovespa, referência da Bolsa brasileira, subiu 0,81%, aos 113.161 pontos. O dólar comercial à vista caiu 0,41%, cotado a R$ 5,3030, na venda. A valorização do real contrariou a alta do dólar diante das principais moedas globais nesta sessão.