Bolsa sobe com Persio e Lara na equipe de transição de Lula
Investidores cobram nomes técnicos e próximos ao mercado para a economia
Os principais indicadores financeiros refletiam a redução das tensões entre investidores na tarde desta terça-feira (8) após a divulgação de alguns dos nomes que participarão da transição de governo.
A equipe do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contará com a senadora Simone Tebet (MDB-MS) e os economistas Persio Arida e André Lara Resende, entre outros nomes. Financistas cobravam da nova gestão nomes técnicos e mais alinhados ao mercado.
Às 14h35 no mercado de câmbio do Brasil, o dólar comercial à vista era negociado em queda 0,30%, cotado a R$ 5,1560. Na Bolsa de Valores, o índice de ações Ibovespa subia 1,06%, aos 116.568 pontos.
As ações preferenciais da Petrobras abandonavam a zona negativa e subiam 0,59%. Entre os papéis mais negociados da Bolsa brasileira, os ativos da estatal passaram a sofrer forte desvalorização após a eleição de Lula.
Na equipe de transição, o setor que tratará de economia deve ter quatro nomes principais. Além de Persio e André Lara, o economista Guilherme Mello, professor da Unicamp e ligado ao PT, também fará parte da equipe. O quarto nome ainda está em definição.
Persio Arida chegou a ser citado entre os nomes considerados para assumir a economia. Ele é próximo de Alckmin, vice-presidente eleito e coordenador da transição.
O economista é um dos pais do Plano Real —medida que acabou com o cenário de hiperinflação nos anos 90, na transição dos governos Itamar Franco (1992-1994) e Fernando Henrique Cardoso (1995-2002)— e declarou voto em Lula no segundo turno.
Já o economista André Lara Resende é outro integrante da equipe do pai do Real que apoiou Lula.
O mercado doméstico era favorecido também pela melhora do ambiente no exterior. Em Nova York, o índice S&P 500, referência da Bolsa americana, subia 1,15%.
Na segunda-feira (7), o índice Ibovespa fechou em queda de 2,38%, aos 115.342 pontos. O principal destaque negativo foi a queda de 4,06% das ações preferenciais da Petrobras, as mais negociadas da Bolsa. O dólar comercial à vista avançou 2,41%, cotado a R$ 5,1730, na venda.
O mercado financeiro se voltou nesta segunda para possíveis nomes da equipe econômica do presidente eleito e sobre como o novo governo encontrará espaço no Orçamento para cumprir promessas de campanha que aumentam os gastos públicos.
Analistas atribuíram a queda do mercado a rumores de que a cúpula petista estaria pressionando a nomeação do ex-prefeito Fernando Haddad para comandar a economia, além de uma entrevista do ex-ministro Henrique Meirelles dizendo que não é candidato ao cargo.
“Houve ontem essa discussão sobre a possibilidade do Haddad ficar na economia e também teve a questão do Meirelles dizendo que não é candidato à Fazenda”, comentou Felipe Steiman, gerente de desenvolvimento de negócios da B&T Câmbio. “O mercado não gostou.”
Participantes do mercado consideraram que declarações de Meirelles em entrevista à Jovem Pan News soaram como uma confirmação de que o ex-ministro pode ter ficado de fora da disputa. “Se eu sou candidato a ministro da fazenda? Não, não sou candidato a ministro”, disse Meirelles.
Assim como já havia dito à Folha, porém, Meirelles não fechou as portas para um convite de Lula. “Evidentemente que eu sempre sigo preparado para o serviço público e qualquer convite eu analiso quando ocorre”, disse o ex-ministro.
No centro das preocupações dos investidores está o risco fiscal, ou seja, a possibilidade de que o novo governo faça uma opção por expandir em excesso os gastos públicos e que isso resulte em endividamento e ameaça à execução do Orçamento no futuro.
Independentemente do nome a ser escolhido, a expectativa do mercado é por um nome com perfil técnico. “O mercado não vê com bons olhos um político no cargo”, disse Marcelo Oliveira, cofundador da Quantzed. “Além disso, muitos acreditam que Haddad não tem boa interlocução com o Congresso.”