BRASÍLIA

Bolsonaro diz que, ‘ao que tudo indica’, servidores não terão reajuste neste ano

Governo vinha estudando cenário de aumento de 5% para todos, mas não encontra espaço no orçamento

Bolsonaro diz que litro gasolina deve cair R$ 2 (Foto: Palácio do Planalto)

O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta terça-feira (7) que o todo o funcionalismo público federal deve ficar sem reajuste neste ano.

A declaração ocorre após idas e vindas em estudos para aumentar o salário de todos os servidores, depois de apenas algumas categorias policiais, mais próximas ao presidente, neste ano em que busca se reeleger.

“Lamento, [mas] pelo o que tudo indica, não será possível dar nenhum reajuste para o servidor no corrente ano”, disse Bolsonaro, em entrevista ao SBT.

“Mas já está na legislação nossa mandando para parlamento, LOA [Lei de Orçamentária Anual] etc, que para ano que vem teremos reajustes e reestruturações”.

Na semana passada, o governo federal bloqueou a execução de R$ 8,7 bilhões do Orçamento de 2022 para não descumprir o teto de gastos, que impede o crescimento das despesas federais acima da inflação.

A medida inclui a verba de R$ 1,7 bilhão originalmente destinada a reajuste de servidores –reforçando a dificuldade de conceder aumentos ao funcionalismo diante das limitações fiscais.

O corte atinge principalmente os ministérios da Ciência, da Educação e da Saúde.

O presidente queria agradar carreiras policiais e, inicialmente, o reajuste previsto contemplaria apenas Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, e Depen.

Depois da pressão das demais carreiras, a principal tendência do governo passou a ser de dar reajuste de 5% para todos – com a possibilidade de um acréscimo aos policiais.

Na semana passada, o chefe do Executivo indicou que recuaria desta possibilidade.

“Eu apelo aos servidores, reconheço o trabalho de vocês, mas a greve não vai ser solução, porque não tem dinheiro no Orçamento. Eu sou o primeiro presidente a ter teto no Orçamento. Outros não tinham, poderiam reajustar, eu não posso”, afirmou.

Bolsonaro vinha sendo aconselhado a não privilegiar carreiras em ano eleitoral, sob o risco de enfureceras demais. O custo político, contudo, de um reajuste considerado baixo pelo funcionalismo se tornou mais alto, dizem integrantes do governo.