voltou à tona

Bolsonaro já defendeu aborto como ‘escolha do casal’ e relatou experiência pessoal em entrevista

Ele afirmou que decisão de seguir adiante com gravidez foi da mãe de Jair Renan

O presidente Jair Bolsonaro na convenção do PL, no Maracanãzinho (Foto: Gabriel de Paiva - O Globo)

O presidente Jair Bolsonaro (PL) já defendeu o direito ao aborto em uma entrevista concedida à revista IstoÉ Gente em fevereiro de 2000. Na mesma entrevista, ele afirmou que sua primeira experiência sexual foi com uma garota de programa e disse que, embora católico, raramente ia à Igreja.

A conversa foi conduzida pela repórter Cláudia Carneiro, que perguntou a Bolsonaro o que ele pensava sobre a legalização do aborto.

“Tem que ser uma decisão do casal”, afirmou ele. A jornalista então perguntou se o político já tinha passado por alguma situação que exigisse essa definição.

“Já. Passei para a companheira. E a decisão dela foi de manter. Está ali, ó”, respondeu o presidente, apontando para uma foto de Jair Renan, filho que ele teve com Ana Cristina Valle. Na época, o filho 04 do presidente era um bebê.

A declaração contradiz a pregação atual do presidente, que afirma ser radicalmente contra o aborto, tentando usar o tema para atacar Lula (PT).

+ Confira a íntegra da entrevista de Bolsonaro ao Istoé Gente AQUI!

Em ato em Belém (PA), em setembro, por exemplo, Bolsonaro declarou que “o Estado pode ser laico, mas o presidente é cristão. E nós, diferentemente do outro candidato, nós defendemos a vida desde a sua concepção. Nós dizemos ‘não’ ao aborto. Nós dizemos ‘não’ à ideologia de gênero. Nós dizemos ‘não’ à legalização das drogas”.

Em outro trecho, ele afirma que é católico e já leu a Bíblia, mas que raramente ia à Igreja.

“Eu acredito em Deus. Sou católico. Mas é coisa rara ir à Igreja. Eu já li a Bíblia inteirinha, com atenção. Levei uns sete anos para ler. Você tem bons exemplos ali. Está escrito: “A árvore que não der frutos, deve ser cortada e lançada ao fogo”. Eu sou favorável à pena de morte”, declarou.

As declarações do presidente começaram a ser recuperadas nas redes sociais depois que ele passou para o segundo turno, no domingo (2).

Bolsonaro tinha 44 anos e exercia o terceiro mandato como deputado federal quando concedeu a entrevista à IstoÉ Gente.

Na época, ele causava sensação justamente pelas declarações polêmicas. Além de defender a censura, a tortura e a pena de morte, ele propunha o fuzilamento do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

“Eu não xinguei o presidente, nem disse que ele não conhece o pai dele. Acho que o fuzilamento é uma coisa até honrosa para certas pessoas”, afirmou ele na entrevista.

Questionado se não era uma incitação ao crime, respondeu: “Se eu estivesse conspirando, não falaria isso. Não é difícil matar o presidente. Só tem que ter coragem. O esquema de segurança dele é falho. Por exemplo, tenho uma casa no litoral em Mambucabinha, próxima do local onde ele passeia quando vai a Angra dos Reis. Sou primeiro lugar no curso de mergulho do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. Bastava planejar. E as chances de sucesso de se cumprir a missão são grandes. Não é difícil eliminar uma autoridade no País. Isso até serve para alertar o presidente”.

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