Bolsonaro retorna a Juiz de Fora pela primeira vez após facada
Pré-candidato à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) retornou nesta sexta-feira (15) para Juiz de…
Pré-candidato à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) retornou nesta sexta-feira (15) para Juiz de Fora pela primeira vez desde a facada, em 2018. Bolsonaro desembarcou no aeroporto da Serrinha, e seguiu comboio para a região central da cidade, onde participa de um evento evangélico. O presidente está acompanhado de políticos da sua base, como o senador Carlos Viana (PL-MG), pré-candidato ao governo de Minas, os deputados federais Daniel Silveira (PTB-RJ) e Otoni de Paula (MDB-RJ), e o ministro da Saúde Marcelo Queiroga.
Bolsonaro participa do culto da 43ª Convenção Estadual das Assembleias de Deus Madureira, e depois visita a Santa Casa de Misericórdia, hospital em que foi operado logo após a facada sofrida em setembro de 2018.
Durante a visita, enquanto apoiadores de Bolsonaro circulavam pela cidade com camisas e bandeiras do Brasil, era frequente também gritos contrários a ele. Uma mulher passou de carro na concentração do evento gritando “Lula”, e foi hostilizada pelos presentes.
O mesmo aconteceu em uma das paradas do presidente para falar com apoiadores, no trajeto da motociata. A mulher foi retirada por seguranças (assista ao vídeo) após se aproximar de Bolsonaro e chamá-lo de “corrupto”.
Além da participação de Bolsonaro, o culto do Congresso Estadual da Assembleia de Deus Madureira também traz a participação do bispo e líder da igreja, Abner Ferreira. Ao chegar no local de moto e sem capacete, o presidente foi erguido pelo sua equipe para acenar para os apoiadores. Com segurança reforçada, agentes o cercavam com placas em maletas blindadas na altura da região da barriga e quadril.
O evento da Assembleia foi fechado para imprensa e apenas convidados identificados por pulseiras puderam participar . Alguns fiéis e apoiadores de Bolsonaro tentaram entrar, mas foram barrados pela equipe de segurança.
No ponto em que a motociata parou, um apoiador de Lula ergueu uma bandeira vermelha improvisada e começou a cantar o jingle petista “Olê Lula”. O homem e os bolsonaristas passaram a trocar hostilidades e xingamentos.
Nos últimos três meses, Bolsonaro esteve em média em um evento evangélico por semana. A maior presença dele em cerimônias ou encontros desse segmento religioso coincide com a melhora de seu desempenho nas pesquisas de intenção de voto nesse estrato — um dos únicos em que ele aparece à frente do ex-presidente Lula.
A viagem também ocorre num momento em que o titular do Palácio do Planalto vem sendo acusado de estimular atos de violência contra adversários políticos. O tema ganhou força desde sábado, quando o guarda municipal e dirigente do PT no Paraná Marcelo Arruda foi assassinado durante a própria festa de aniversário, em Foz do Iguaçu, pelo agente penal Jorge Guaranho, apoiador declarado de Bolsonaro. Os dois iniciaram uma discussão após Guaranho invadir o evento, que tinha o PT como tema da decoração. Ele atirou contra o aniversariante. Arruda, que também estava armado, revidou, mas acabou morrendo no local. O agente penal também foi baleado e segue internado.
A ida a Juiz de Fora ajuda a reforçar o discurso adotado pelo presidente desde a morte do guarda municipal, a de que ele próprio foi alvo de um grave ato de violência quatro anos atrás. Na terça-feira, Bolsonaro telefonou para irmãos da vítima e bateu nessa tecla.
— Se porventura me apoiem (pessoas com esse tipo de comportamento), peço que apoiem o outro lado. Eu sou vítima, eu levei uma facada — disse durante a conversa por telefone.
Além disso, o presidente deve voltar a explorar o atentado de 2018. O presidente frequentemente relembra o episódio e acusa a esquerda de estimular a violência. O autor da facada, Adélio Bispo, foi filiado ao PSOL.
O próprio presidente, porém, já protagonizou cenas de incitação a atos violentos contra adversários. Durante um comício no Acre em 2018, ele afirmou. simulando o uso de um tripé como uma arma de fogo: “Vamos fuzilar a petralhada”.