Covid-19

Bolsonaro se nega a mostrar exames que, segundo ele, deram negativo para coronavírus

O presidente fez dois testes, um no dia 12 e o outro no dia 17. Nas redes sociais, ele informou que ambos deram negativo, mas não mostrou documento formal das análises

Bolsonaro pode ser ouvido em breve no inquérito de interferência na PF

O presidente Jair Bolsonaro não divulgou até o momento cópia dos dois exames clínicos que realizou e que, segundo ele, deram negativo para o novo coronavírus.

O presidente fez dois testes, um no dia 12 e o outro no dia 17. Nas redes sociais, ele informou que ambos deram negativo, mas não mostrou documento formal das análises.

Quando realizou seu exame, o presidente Donald Trump (EUA) divulgou um memorando oficial assinado por seu médico, atestando que a análise não havia detectado o Covid-19.

A reportagem solicitou à Secom (Secretaria Especial de Comunicação) da Presidência da República cópia do exame em duas oportunidades, mas não obteve resposta.

Até o momento, pelo menos 23 pessoas ligadas à comitiva presidencial que viajou aos Estados Unidos no início deste mês foram diagnosticados com a doença.

Um deles foi o ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno, que um dia antes de seu teste ter dado positivo se reuniu três vezes com o presidente, sem máscara de proteção.

Nesta sexta-feira (20), outros assessores presidenciais foram confirmados com o coronavírus, sendo que dois deles têm contato frequente com Bolsonaro: o ajudante de ordem Mauro Cid e o assessor internacional Filipe Martins.

Na quarta-feira (18), em entrevista à imprensa, o presidente disse que poderia realizar um novo teste. A expectativa é de que ele seja feito na próxima segunda-feira (23).

Bolsonaro também foi alvo de críticas por dizer, em uma entrevista à rádio Super Tupi, na terça (17), que faria uma “festinha tradicional” para comemorar seus 65 anos no sábado (21). Uma das principais recomendações dos especialistas diante da crise sanitária é a redução do contato social.

Após a repercussão negativa, o presidente anunciou que passará a data apenas na companhia da primeira-dama Michelle Bolsonaro, de sua filha caçula Laura e de sua enteada Letícia.

Em live semanal, o presidente questionou na quinta (19) o efeito das medidas adotadas por governadores para tentar reduzir o risco de contágio da doença, como o fechamento de academias de ginástica e de fronteiras estaduais.

“O remédio quando é em excesso pode não fazer bem ao paciente. Uns fechando supermercado outros querendo fechar aeroporto. Outros querendo colocar uma barreira na divisa entre estados e fechando academias. A economia tem de funcionar”, disse.

Bolsonaro ressaltou que medidas que ele considera excessivas podem levar as pessoas a ficarem desabastecidas e a perderem seus empregos. “As pessoas não vão ficar em casa e se alimentar do nada. Tem de buscar meio de sobrevivência. E, se faltar o emprego, falta o pão em casa e os problemas se avolumam”, disse.

No último domingo (15), o presidente ignorou orientações dadas por ele mesmo dias antes, ao estimular e participar dos protestos pró-governo sem demonstrar preocupação com a crise do coronavírus.

Sem máscara, participou das manifestações, tocando simpatizantes e manuseando o celular de alguns apoiadores para fazer selfies. “Isso não tem preço”, disse, durante transmissão ao vivo em suas redes sociais.