Boulos telefona para Covas e o parabeniza pela vitória em São Paulo
Candidato do PSOL, que fez campanha com o mote "vamos virar', foi diagnosticado com Covid dois dias antes da eleição
Nem bem a apuração dos votos em São Paulo havia sido encerrada e o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, telefonou no início da noite deste domingo para o tucano Bruno Covas só para lhe parabenizar pela vitória nos segundo turno. Com uma campanha focada no mote “vamos virar”, Boulos não conseguiu alcançar a simpatia da maioria dos paulistanos.
A campanha de Boulos até se animou com o resultado do Datafolha da última terça-feira e, a partir daí, passou a sonhar com uma virada sobre Bruno Covas (PSDB). O resultado positivo de exame para a Covid-19 na sexta-feira, porém, foi um balde de água fria. O debate da TV Globo, visto como esperança para conquistar votos, acabou cancelado.
Além disso, nas redes sociais, surgiram comentários que apontavam irresponsabilidade do candidato por ter mantido atividades de campanha mesmo depois de saber que a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) estava com coronavírus. A parlamentar havia participado de um evento de campanha no dia 20.
Mas apesar da derrota, a votação obtida por Boulos é motivo de comemoração no PSOL e entre os partidos da esquerda que o apoiaram no segundo turno. O candidato emerge da eleição paulistana com cacife para ter papel de destaque nas discussões da disputa presidencial de 2012.
O candidato do PSOL conseguiu superar a hegemonia do PT no campo da esquerda em São Paulo. Desde 1988, o partido havia vencido ou terminado em segundo em todas as eleições da cidade.
Por enquanto, a ideia é que ele mantenha a sua atuação ativa nas redes sociais, território em que se consolidou como o antagonista do presidente Jair Bolsonaro.
O líder sem teto ainda deve manter os contatos que o permitiram contar na sua campanha de segundo turno com os ex-ministros Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede), o ex-presidente Lula (PT) e o governador Flávio Dino (PCdoB).
— O grande fato no campo da esquerda nas eleições municipais deste ano é o Boulos. Ele emerge como uma liderança nacional e passa a ser importante nos debates para 2022 — afirma o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP).
Mas seus aliados admitem que, apesar de ter conseguido na disputa paulistana o que Fernando Haddad não conseguiu em 2018 contra Bolsonaro, uma união completa das siglas de esquerda para 2022 ainda é um sonho distante no horizonte.
Ciro, por exemplo, dificilmente desistiria de concorrer. Antes de declarar a apoio a Boulos no segundo turno, o pedetista havia criticado, em uma entrevista no primeiro turno, a falta de experiência do candidato do PSOL.Ciro só embarcou na campanha do líder sem teto pelo desejo de ver um aliado do governador João Doria (PSDB), também cotado como presidenciável, ser derrotado.