INFLAÇÃO

Brasil deve estar no topo na lista de países com maior inflação de 2021, diz OCDE

Projeções indicam que custo de vida brasileiro tende vai ficar atrás apenas da Turquia e da Argentina

Inflação é a maior para outubro desde 2002 e vai a 10,67% em 12 meses (Foto: Reprodução - Agência Brasil)

O índice de preços ao consumidor no Brasil deve ficar entre os maiores do mundo, considerando um grupo de cerca de 20 economias com projeções divulgadas nesta terça-feira (21) pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

Em 2021, somente dois países entre os 19 selecionados teriam inflação superior à brasileira, Turquia (17,8%) e Argentina (47%).

O índice de preços no Brasil é projetado em 7,2%, recuando para 4,9% em 2022, o que colocaria o país com a quinta maior inflação na lista, atrás também de Rússia e Índia, ambos com 5,5%.

O IPCA, índice de preços ao consumidor medido pelo IBGE e que serve como meta de inflação, está em quase 10% no acumulado em 12 meses até agosto.

A última projeção de mercado, considerando o relatório Focus do Banco Central, é de 8,35% para este ano e 4,1% no próximo.

A projeção de 2022 da OCDE está praticamente no limite da meta, que é de até 5%.

Segundo pesquisa Datafolha, mais de 70% dos brasileiros consideram que governo tem responsabilidade pela alta da inflação.

Ao comentar a inflação nos países emergentes, a OCDE afirma que houve surpresas consideráveis nos índices de preços que, provavelmente, persistirão por algum tempo. Condições monetárias mais rígidas, no entanto, ajudarão a limitar as pressões internas sobre os preços, principalmente na segunda metade de 2022.

A projeção de crescimento da economia brasileira em 2022 foi revista de 2,5% para 2,3% pela OCDE, de acordo com o relatório. A projeção anterior havia sido feita em maio. Para 2021, passou de 3,7% para 5,2%.

Com esses resultados, o país cresceria abaixo da média mundial tanto em 2021 (5,7%) quanto em 2022 (4,5%). No próximo ano, teriam resultados menores que o do Brasil apenas dois países em uma lista de 20 nações: Japão (2,1%) e Argentina (1,9%).

No relatório intitulado “Mantendo a recuperação no caminho certo”, a OCDE afirma que o crescimento econômico mundial acelerou este ano, ajudado por um forte apoio de políticas fiscal e monetária, pelo avanço da vacinação em alguns países e pela retomada de muitas atividades econômicas.

O PIB global já ultrapassou seu nível pré-pandemia, mas “a recuperação segue muito desigual” e a atividade ainda está 3,5% abaixo do que se estimava antes da atual crise para meados de 2021. Isso representa uma perda equivalente a um ano de crescimento econômico em tempos normais (US$ 4,5 trilhões).

Ou seja, o mundo teve a chamada “recuperação em V” do nível de atividade, mas esse movimento deixou um buraco na renda das pessoas que ainda não foi preenchido.

“Fechar essa lacuna é essencial para minimizar as cicatrizes de longo prazo da pandemia via empregos e perdas de renda”, diz a OCDE.

Segundo a entidade, lacunas de produção e emprego permanecem em muitos países, particularmente em economias em desenvolvimento, onde as taxas de vacinação ainda são baixas.

A instituição afirma que o impacto econômico da variante delta do coronavírus tem sido relativamente suave em países com altas taxas de vacinação, mas reduziu o ímpeto de curto prazo em outros lugares e aumentou as pressões sobre cadeias de abastecimento globais e custos.

Para a OCDE, os governos precisam garantir todos os recursos necessários para vacinar suas populações o mais rápido possível, de forma a salvar vidas, preservar rendimentos e colocar o vírus sob controle.

No cenário mais otimista da OCDE, a economia poderia crescer 6,25% em 2022 e voltar à tendência pré-crise, com um progresso mais rápido na distribuição de vacinas eficazes, o que aumentaria a confiança e os gastos de consumidores e empresas. No mais pessimista, a queda no ritmo de vacinação e uma possível redução na eficácia das atuais vacinas pode levar a um novo fechamento de atividades, e o mundo cresceria apenas 3%.

Para a entidade, também é necessário manter o apoio de políticas macroeconômicas, pois a perspectiva de curto prazo ainda é incerta e os mercados de trabalho não se recuperaram. É preciso, no entanto, uma sinalização clara sobre o horizonte e a extensão em que a alta da inflação será tolerada e o planejamento em direção à normalização da política monetária.