IBGE

Brasil fecha 2018 com 12,1 milhões de pessoas sem trabalho

Com menos vagas formais disponibilizadas, parcela da população é empurrada para trabalhos sem a proteção das leis trabalhistas e com menores salários

A taxa de desemprego no Brasil fechou o último trimestre do ano passado em 11,6%, divulgou nesta quinta-feira (31) o IBGE.

O recuou de 0,2 ponto percentual em relação ao mesmo período de 2017 é considerado um quadro de estabilidade pelo instituto.

Em relação ao trimestre imediatamente anterior, encerrado em setembro de 2018, a taxa teve queda de 0,3 ponto percentual.
Apesar da melhora estatística, o país encerrou 2018 com número alto de pessoas que ainda não tinham emprego, mas que estavam em busca de oportunidade.

A população desocupada fechou o quarto trimestre de 2018 com contingente de 12,1 milhões de pessoas, queda de 297 mil pessoas ou 2,4% em relação ao observado no terceiro trimestre.

As quedas na taxa geral de desemprego refletem movimento que foi contínuo ao longo de 2018, com as novas ocupações surgindo principalmente do mercado informal.

Conforme são reduzidas as vagas formais, uma parcela da população é empurrada para trabalhos sem a proteção das leis trabalhistas, que demandam profissionais de menor qualificação e pagam menores salários.

No trimestre, depois de quase um ano de indicadores em queda, o volume de trabalhadores com carteira parou de cair.

O aumento dos trabalho informais na economia ao longo do ano elevou a quantidade de pessoas ocupadas no país, movimento que ajudou na queda geral da taxa oficial divulgada pelo IBGE.

O desemprego fechou a média do ano passado em 12,3%, queda de 0,4 ponto percentual em relação à média de 2017, quando o desemprego esteve em 12,7%, o maior da série histórica até então.

A fila de emprego é menor porque muitas pessoas, levadas pela crise, aceitaram empregos de qualidade mais baixa para sobreviver.
São estudantes, idosos ou mães com filhos pequenos que antes não trabalhavam e que agora estão tendo que complementar a renda do domicílio. A entrada desses novos atores no mercado fez explodir o número de pessoas ocupadas do país.

A população ocupada em nível alto contribuiu para que a taxa geral de desemprego viesse menor com o passar dos trimestres em 2018.
O contingente de pessoas ocupadas, que são aquelas que estão efetivamente empregadas, seja no mercado formal ou informal, encerrou o último trimestre de 2018 em 93 milhões, aumento de 381 mil frente ao verificado no trimestre imediatamente anterior. O dado é o mais alto para divulgações trimestrais do IBGE desde o início da série histórica da pesquisa.

Desde o final de 2017 que a quantidade de trabalhadores informais supera o número de postos com carteira assinada. Esse movimento, inédito até então na série histórica, acelerou em 2018.

No último trimestre, os postos com carteira assinada somaram 32,9 milhões de pessoas, número que ficou estável em relação ao observado no trimestre anterior. Na passagem dos trimestres, 24 mil pessoas conseguiram uma ocupação formal.

Na outra ponta, contudo, houve aumento dos trabalhadores sem carteira assinada. Na passagem dos trimestres, 31 mil pessoas conseguiram empregos desse tipo, de um total de 11,5 milhões de pessoas no país.

Os trabalhadores por conta própria atingiram 23,8 milhões de pessoas, com aumento de 1,5% no período, ou 352 mil pessoas a mais nessa situação em dezembro.

No último trimestre do ano a geração de novas vagas ficou concentrada nos setores de informação e comunicação (1,5%), administração pública e serviços de saúde (1,2%) e outros serviços (1,2%).

Os setores de transporte e armazenamento (0,7%) e alojamento e alimentação (0,7%) tiveram altas menos expressivas, mas que refletem o aumento de motoristas de aplicativo de celular e também das pessoas que escolhem os serviços de alimentação como opção ao desemprego.

A construção civil e a indústria continuam com dificuldade para superar a crise e gerar vagas. Na passagem do terceiro para o quarto trimestre, houve queda de 2% da população ocupada nesses dois setores.

Apesar do aumento geral da população ocupada no período, o rendimento dos trabalhadores não teve grandes alterações no último trimestre. O rendimento médio em dezembro ficou em R$ 2.254, pequena alta, de 0,8%, na comparação do quarto trimestre com período imediatamente anterior.

DESALENTO

O país teve recorde no contingente de pessoas desalentadas na média de 2018. Apesar disso, houve redução de 69 mil pessoas nessa parcela da população na passagem do terceiro para o quarto trimestre de 2018.

O total de desalentados no período, que são as pessoas que desistem de procurar emprego depois de tanto tentar, foi de 4,7 milhões de pessoas em dezembro de 2018.

Também foi alto o volume de pessoas na chamada força de trabalho subutilizada, que são pessoas que trabalham menos horas do que gostariam ou que estiveram disponíveis para trabalhar mas não encontraram oportunidades. No total, 26,9 milhão de pessoas estiveram nessa condição no trimestre encerrado em dezembro. Esse volume representa queda de 344 mil pessoas, ou de 1,3% em relação ao terceiro trimestre.