Brasileira acusa polícia suíça de preconceito após ser deportada
Turista fez escala em Zurique na segunda quando ia para Lisboa, em Portugal
Uma consultora comercial de 43 anos afirmou que foi detida no aeroporto de Zurique, na Suíça, na última segunda-feira (22) e deportada no mesmo dia de volta ao Brasil sob suspeita de atuar como “mula de drogas”. Ela fez escala no país com destino final em Lisboa, mas não chegou a embarcar para Portugal e conta que foi obrigada a fazer um exame para provar que não tinha drogas no organismo. Ela recebeu o resultado negativo e acusa os agentes de preconceito e machismo.
De acordo com a consultora, ela chegou às 10h30 em Zurique na segunda (22) e passou normalmente pelos detectores de metal. Ao passar pela imigração, o policial de plantão teria desconfiado ao olhar a foto dela no passaporte. “Ele me disse que minha aparência física não condizia com minha imagem, deu uma risadinha e me direcionou para uma sala de vidro”, relata.
Na sala, ela conta que esperou por quase uma hora sem nenhuma informação até que uma agente portuguesa fosse até a sala e pedisse comprovantes de estadia no país de destino e da quantia de dinheiro levada por ela. “Eu tinha comprovante de reserva de 15 dias do hotel em Lisboa e mostrei dinheiro. Seguro saúde não fiz porque pesquisei e não era obrigatório”, relata. A consultora também precisou contar o que fazia no Brasil e mostrar fotos da família.
“Em Zurique , fui mantida como marginal. Me deixaram na sala pública, abriram minha mala na minha frente e viram que eu não tinha nada. Eu já estava cansada, com fome, comecei a chorar entrei em desespero. Parecia que queriam que eu confessasse que estava indo fazer algo errado, o que não fiz porque não era verdade. Depois uma policial feminina me conduziu a uma sala, fez eu me despir e abrir as pernas, mas eu não tinha nada. Aí me deram um copinho para eu urinar”, relata.
Ela recebeu um documento dos agentes dizendo que foi detida por suspeita de transporte de drogas, mas que a investigação não confirmou a suspeita (veja acima).
O Consulado do Brasil em Zurique está buscando informações sobre o caso com autoridades suíças e o Itamaraty diz que permanece à disposição da cidadã brasileira para quaisquer esclarecimentos necessários.
Trauma
Ela foi deportada para o Brasil às 22h30 do horário local de Zurique. A consultora recebeu um documento de recusa da entrada dela no país por não ter em sua posse os documentos necessários para comprovação do objetivo de estadia ou condições de permanência, sem contudo terem sido listados os documentos que ela teria deixado de apresentar.
“O que o fez pensar que eu não estava a turismo? Eles usaram da autoridade para me humilhar e me mandar de volta, não sabem que tipo de vida eu tenho no Brasil pra me dizer isso. Queriam que provasse se eu não estava a turismo. O que me deixa indignada é que se eu não estava indo a turismo, porque me mantiveram lá como se fosse um animal, depois me levar para fazer um teste e me mandar de volta baseado em nada. Para mim isso é preconceito, veem que a mulher está sozinha e faz esse tipo de coisa. Brasileira então é mula, prostituta ou morta de fome?”
Ela diz que se sente traumatizada com o ocorrido e tenta ser ressarcida pela agência de viagens Viajanet.
“Isso causa um trauma impagável. Perdi R$ 7 mil e fica por isso mesmo? Quando acontece uma injustiça, a companhia tinha de arcar. Era meu sonho viajar de novo para lá e eu ia pegar o final do verão. E aí me deparo com isso foi baseado em nada, em preconceito, em olhar para mim e achar que eu tinha feito alguma coisa. Achei que nunca mais fosse voltar ao Brasil, eles me colocaram medo, foram estúpidos e frios.”
Procurada, a Viajanet não respondeu até a publicação dessa reportagem. (As informações são do G1)