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Brasileiro acusado de pagar propina a membros do COI é preso nos EUA

Rei Arthur, como é chamado, tornou-se réu em duas ações penais do esquema de Sérgio Cabral, apontado como pagador de propina para o ex-governador do Rio de Janeiro

O empresário Arthur Cesar de Menezes Soares Filho foi preso nesta sexta-feira (25) nos Estados Unidos. Ele era considerado foragido da Justiça brasileira desde 2017.

Rei Arthur, como é chamado, tornou-se réu em duas ações penais do esquema de Sérgio Cabral, apontado como pagador de propina para o ex-governador do Rio de Janeiro.

Entre as acusações, está o pagamento de US$ 2 milhões (R$ 8 milhões em valores atuais) a membros do COI (Comitê Olímpico Internacional) para a escolha do Rio como sede da Olimpíada de 2016.

Soares foi detido em Miami, cidade em que vivia com endereço certo e conhecido. Ele permaneceu por dois anos livre nos Estados Unidos sem que os procuradores brasileiros soubessem o motivo oficial dos norte-americanos não executarem sua prisão.

Há a suspeita de que o empresário tenha firmado algum acordo com o Departamento de Justiça daquele país, mas sem qualquer confirmação oficial. Os procuradores brasileiros não conseguiram informações por meio da cooperação jurídica internacional com os Estados Unidos.

​O advogado Nythalmar Dias Filho, que defende o empresário, disse que seu cliente foi detido “equivocadamente por não portar a documentação necessária para renovação do seu visto”.

“Ressaltamos que as providências burocráticas já foram tomadas e que Arthur será liberado, dada a sua regular situação naquele pais”, afirmou o advogado.

Ex-dono do grupo Facility, Soares era um dos maiores fornecedores de mão de obra terceirizada na gestão Cabral. Suas empresas receberam quase R$ 3 bilhões dos cofres estaduais na gestão do ex-emedebista.

Denúncia do Ministério Público Federal afirma que ele pagou ao menos R$ 27,7 milhões em propina a Cabral.

O ex-governador confessou em interrogatório ao juiz Marcelo Bretas que pediu a Rei Arthur para que depositasse US$ 2 milhões em contas da empresa do senegalês Papa Masata Diack, filho de Lamine Diack, membro do COI e ex-presidente da Federação Internacional de Atletismo.

O valor foi abatido da propina devida pelo empresário, disse Cabral. O pagamento teria sido feito por meio de uma empresa de Soares nas Ilhas Virgens Britânicas.

O ex-governador afirmou que foi o ex-presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil) Carlos Arthur Nuzman quem sugeriu o pagamento da propina a Lamine. Eles temiam não passar da primeira rodada de votação das cidades-candidatas.

“Ele chegou com o Leo Gryner [ex-diretor do COB e também acusado]. ‘Olha governador, nós temos todas as chances de ganhar. Fizemos uma campanha bonita, os três níveis de governo envolvidos. O presidente da federação internacional de atletismo, Lamine Diack, se abre para vantagens indevidas. Fizemos contato com ele. E há uma garantia de cinco a seis votos. E eles querem US$ 1,5 milhão'”, relatou Cabral.

O emedebista relatou que Nuzman e Gryner o procuraram depois pedindo mais US$ 500 mil a fim de garantir até nove votos. Foi neste momento que Cabral diz ter indicado Soares como o responsável por realizar os pagamentos.

Quatro cidades eram candidatas na eleição de 2009 (além do Rio, Madri, Tóquio e Chicago). A vitoriosa seria escolhida por eliminação. A cada rodada de votação, a cidade menos marcada é retirada da disputa, iniciando nova votação.

Na primeira, a cidade brasileira teve 26 votos, enquanto a norte-americana foi eliminada com 18. Caso a candidatura carioca tivesse perdido os até nove votos supostamente comprados para a concorrente, a cidade não teria passado.

Após a primeira rodada, o Rio manteve larga vantagem sobre as demais, tendo atraído os votos dos eleitores das cidades eliminadas. Na última votação, superou Madri com 66 a 32 votos.

“Era fundamental ter a garantia desses votos [na primeira rodada]. Depois foi a política. A política com ‘p’ minúsculo na primeira fase e a com ‘p’ maiúsculo na segunda e terceira fases”, disse Cabral.

Nuzman e Gryner negam ter intermediado a compra de votos.