BARBÁRIE

Brasileiro é encontrado decapitado na fronteira de MS com Paraguai

O corpo de um brasileiro foi encontrado na cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero, a…

O corpo de um brasileiro foi encontrado na cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero, a apenas cinco quilômetros da fronteira com Mato Grosso do Sul, na última segunda-feira (27).

Segundo a Polícia Nacional do Paraguai, a vítima foi deixada no local por um carro e tinha sinais de tortura —havia um corte no abdômen e ela foi decapitada, com a cabeça deixada em um saco plástico. Ainda não há informações sobre onde exatamente o assassinato teria ocorrido.

Também foi encontrado junto ao corpo uma espécie de cartaz, assinado “crime”, e a mensagem de que não seriam mais admitidas “covardias cometidas por esses justicieros [sic], seja lá quem for”.

A referência parece ser ao grupo Justiceiros da Fronteira (Justicieros de la Frontera, em espanhol), que assinou um bilhete deixado junto ao corpo de outro brasileiro morto no último sábado (25) na região, Rogério Laurete Buosi, 26. A mensagem, em uma folha de caderno, dizia apenas: “não robar [sic] na fronteira” e estava assinada “Juss Front”.

As autoridades locais dizem não saber ainda se “crime” se refere a um novo grupo ou se o bilhete foi um artifício para desviar as atenções. Uma reportagem do UOL diz que a suspeita é que a vítima teria ligação com o PCC (Primeiro Comando da Capital), facção criminosa brasileira que atua na região.
O morto foi identificado como Carlos Limar de Souza Lima, 38, através das impressões digitais que foram enviadas para a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, em Ponta Porã —elas foram encontradas em um banco de dados da Polícia Civil de São Paulo.

O passaporte dele, onde diz que era natural de São Paulo, foi achado antes do corpo, durante a investigação da morte de Buosi, ocorrida dois dias antes.

Segundo registros da polícia local, o documento estava em um dos três endereços onde foram realizadas operações de buscas e apreensão. A investigação segue em andamento.

Ainda não há elementos suficientes para avaliar se as notas encontradas com os dois corpos são de grupos rivais ou não, diz o criminologista e pesquisador na Universidade Nacional de Pilar Juan Martens.

A primeira notícia sobre o Justiceiros da Fronteira, diz ele, surgiu no fim de 2013, quando um corpo foi encontrado, sem as mãos e com a mensagem “proibido roubar”.

Martens explica que as mortes associadas ao grupo apareciam esporadicamente, mas se tornaram mais frequentes desde o ano passado, embora a taxa anual de mortes na região não tenha sofrido grandes alterações.

A hipótese de pesquisadores paraguaios é de que o grupo seja útil para os grandes grupos criminosos que atuam na região da fronteira com o Brasil.

“O que nós analisamos é que Justiceiros é uma expressão do crime organizado que se sente incomodado por delitos predatórios, de pouca monta. À medida que aparecem ladrões de motos e carros, incomoda o grande crime organizado porque atrai a presença institucional que desestabiliza um pouco o mercado criminal e as compras de mercadorias que eles tinham asseguradas”, explica ele.

“Não há como afirmar [quem são], pode ser que seja ligado ao PCC ou a qualquer outro grupo grande que opera na fronteira. Mas, evidentemente, é claríssimo que ele é funcional ao PCC”.

O caso fez subir para quatro o número de brasileiros mortos na região da fronteira entre Pedro Juan Caballero e Ponta Porã entre o último sábado e segunda-feira. A polícia do Paraguai suspeita que os assassinatos de Lima e de Buosi estão conectados, mas que os outros dois crimes aconteceram de maneira independente, sem ligação com o resto.

A Polícia Civil de Mato Grosso do Sul afirma que tem trocado informações com as autoridades paraguaias de maneira pontual, mas que cada lado cuida de suas investigações —um dos quatro homicídios está em fase inicial de inquérito no estado.

Por meio de nota, o Itamaraty diz que está à disposição para prestar assistência aos familiares das vítimas por meio do Consulado-Geral em Pedro Juan Caballero, respeitando tratados internacionais e a legislação local.

“Em caso de falecimento de cidadão brasileiro no exterior, os consulados brasileiros poderão prestar orientações gerais aos familiares, apoiar seus contatos com autoridades locais e cuidar da expedição de documentos, como o atestado consular de óbito”, diz o texto.