DISPUTA

Briga pelo controle da igreja Bola de Neve vai parar na Justiça

O atual conselho da Igreja Bola de Neve iniciou com uma ação de reintegração de posse, enquanto Denise Seixas busca a anulação do pedido

Fundador e líder da Igreja Bola de Neve, Rinaldo Luiz de Seixas Pereira e a pastora Denise Seixas (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

A morte do fundador e líder da Igreja Bola de Neve, Rinaldo Luiz de Seixas Pereira, conhecido como Apóstolo Rina, em 17 de novembro de 2024, desencadeou uma intensa disputa pelo comando da instituição religiosa. Rina faleceu em um acidente de moto na Rodovia Dom Pedro I, em Campinas (SP), deixando sua viúva, a pastora Denise Seixas, como candidata natural à sucessão, segundo o estatuto da igreja.

Denise Seixas, vice-presidente da igreja desde 2016, afirmou ter direito à presidência automática após a morte de Rina, conforme o artigo 16 do estatuto da associação. No entanto, membros da diretoria, incluindo o diretor financeiro Everton César Ribeiro e o advogado Renê Guilherme Koerner Neto, contestaram essa sucessão, alegando que Denise havia renunciado ao cargo em agosto de 2024, durante um acordo preliminar de transferência.

O acordo, que nunca foi homologado judicialmente, prevê a renúncia de Denise à vice-presidência, mantendo o título de cofundadora e um salário mensal de R$ 10 mil, além do plano de saúde. Contudo, sua defesa argumenta que a minuta de renúncia não possui validade legal por não ter sido formalizada em juízo e que os documentos entre ela e Rina não foram oficializados, apenas discutidos.

A disputa se intensificou em novembro, quando Denise Seixas foi acusada pelo conselho administrativo de invasão à sede da Bola de Neve em São Paulo. Segundo o conselho, Denise apresentou uma postura agressiva, “demitiu” funcionários e intimidou colaboradores acompanhados de quatro representantes jurídicos. Vídeos mostram a pastora entrando e saindo de salas na igreja. A defesa de Denise afirma que sua presença no local foi legítima e em conformidade com seu direito estatutário.

No mesmo dia, o conselho liderado por Gilberto Custódio de Aguiar, vice-presidente interino eleito em 18 de novembro, ajuizou um pedido de reintegração de posse contra Denise. A defesa da pastora rebateu, apontando supostas irregularidades no processo e contestando a legitimidade do colegiado para representá-la.

O caso já está judicializado, com Denise buscando anular o pedido de reintegração de posse e assumir o comando da igreja. Especialistas apontam que, sem homologação do acordo de subsídio ou uma assembleia formal para destituição, a vice-presidência de Denise ainda seria válida, garantindo a sucessão estatutária.

Enquanto a disputa segue nos tribunais, a igreja enfrenta um período de instabilidade institucional, com reflexos na administração e no legado do fundador.