Investigação

Cabral pediu ações na bolsa de NY para lavar dinheiro, diz Procuradoria

Suspeitas foram levantadas pela força-tarefa da Operação Eficiência, ao pedir a prisão preventiva do empresário Eike Batista e de outros investigados

Apesar da decretação da prisão preventiva do empresário Eike Batista, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF) ainda investigam que tipo de benefício o empresário teria recebido em contrapartida ao pagamento de US$ 16,5 milhões ao ex-governador Sérgio Cabral.

Em coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (26), os procuradores do MPF e delegados da PF evitaram afirmar se a propina se referia a algum grande projeto, como o Porto do Açu, que ocupa uma área maior que Manhattan em São João da Barra, no norte fluminense. Todos os contratos de Eike com o governo na gestão de Cabral serão investigados. Eike fez uma doação de R$ 20 milhões em 2010 para as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), com o compromisso de repetir o investimento até 2014. Mas interrompeu os repasses em 2013.

“Estamos investigando, mas as alternativas não são tantas. Prefiro não comentar (sobre o Açu)”, disse o superintendente regional em exercício da PF no Rio, Marcos Uruguai. De acordo com a PF e o MPF, a investigação para caracterização de crime de corrupção no Brasil não necessariamente precisa identificar o ato que teria sido corrompido.

Segundo Uruguai, até o momento nada foi encontrado envolvendo o governador Luiz Fernando Pezão. Os representantes da força-tarefa da Operação Lava Jato no Rio, da qual a Calicute é um desdobramento, afirmaram ainda que os US$ 100 milhões detectados no exterior nessa fase da operação são valores distintos daqueles levantados como pagamentos feitos pela empreiteira Andrade Gutierrez nas fases anteriores da Calicute.

Colaboradores

O esquema revelado pela Operação Eficiência foi desvendado com a ajuda de dois colaboradores, responsáveis pela administração do dinheiro no exterior. Uruguai explicou que dos US$ 100 milhões, US$ 15 milhões estariam ocultos por ordem de Wilson Carlos e US$ 7 milhões por ordem de Carlos Miranda. O restante era de Sérgio Cabral. Segundo o policial federal não é possível saber onde termina o esquema envolvendo o ex-governador.

“O patrimônio dos membros da organização é um oceano ainda não completamente mapeado”, disse Uruguai, afirmando que os US$ 100 milhões encontrados foram um valor além do esperado.