Cachoeira depõe na PF no Rio de Janeiro
Assad e o ex-diretor da Delta, Cláudio Abreu, também estão sendo ouvidos nesta quinta-feira
O contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e o ex-diretor da Delta Construção para a Região Centro-Oeste, Cláudio Abreu, chegaram no final da tarde à sede da Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro, na Praça Mauá. Junto, estava o empresário Aldir Assad, preso pela manhã em São Paulo. Os três foram presos na Operação Saqueador, deflagrada nesta quinta-feira.
Cachoeira e Cláudio Abreu entraram direto em um carro da PF pela entrada principal, da Avenida Rodrigues Alves, antes das 17h45.
Os três são ouvidos pelo delegado Tácio Muzzi, chefe da delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros da Polícia Federal. Depois de ouvidos, por cerca de uma hora, os três deixaram a superintendência – eles estavam na caçamba da viatura – com destino ao Instituto Médico Legal (IML), onde farão exames de corpo delito. Em seguida, serão levados para um presídio do Rio, onde ficarão à disposição da Justiça Federal.
Cachoeira e Cláudio Abreu foram presos em condomínios de luxo em Goiânia, onde moram. Já Aldir Assad foi detido na capital paulista.
O Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal afirmam que os três participam de esquema de corrupção e lavagem de dinheiro por meio de obras públicas, envolvendo a empreiteira Delta Construção, de Fernando Cavendish.
Cavendish não foi encontrado em casa, no Leblon, zona sul do Rio. O empresário teria deixado o país no último dia 22 com destino à Europa. O delegado Tácio Muzzi informou que o empresário ainda não foi localizado, mas que espera um contato do advogado de defesa do acusado, antes que de incluir o nome dele na lista da Interpol.
Outro investigado é Marcelo Abbud, que foi detido em São Paulo e deve chegar amanhã ao Rio.
As investigações apontam que mais de R$ 370 milhões foram lavados por meio de pagamento ilícito a 18 empresas de fachada. Segundo o delegado Tácio Muzzi, quase 100% do faturamento da Delta eram provenientes de obras públicas entre 2007 e 2012, somando quase R$ 11 bilhões.
Defesa
O advogado Miguel Pereira Neto, que representa Abbud e Adir, disse que entrará com pedidos de habeas corpus para revogação da prisão.
“Os dois habeas corpus estão sendo impetrados, já estão sendo redigidos e devem ser distribuídos amanhã. Temos confiança da revogação da prisão preventiva. A decisão é relativa a fatos entre 2007 e 2011, não existe nada concreto, nenhum fato posterior, nenhuma novidade após esse período. A decisão tem dois pontos principais: em primeiro lugar uma suposição e em segundo lugar uma intuição e conclui que existem elementos concretos. Isso não poderia trazer uma conclusão para uma medida tão severa, tão grave, que é a decretação da prisão”, disse.