Cachorro, cavalo, gato e até jabuti: os animais atingidos por bala perdida no Rio
Nesta semana, uma gata foi atingida por um tiro de fuzil na boca
Como se não bastassem as inúmeras vítimas de balas pedidas, incluindo crianças, durante operações policiais em favelas do Rio de Janeiro, animais também vem sendo vitimados na guerra entre polícia e bandido. Cachorro, cavalo e até um jabuti já foram atingidos por bala perdida na cidade. Na última terça-feira (27), a gatinha Malu foi atingida por um tiro de fuzil na boca no Complexo do Alemão e o projétil está alojado no trato digestivo.
No ano passado, um cachorro da raça shih-tzu, chamado Duque, foi atingido por duas balas de fuzil quando estava na varanda de um apartamento na região da Taquara, na Zona Oeste.
Em 2018, uma jabuti de 20 anos teve que ser sacrificada depois que teve o casco perfurado após ser atingida por uma bala perdida no quintal de casa.
“Corremos para o veterinário, mas a bala era do tipo que estilhaça dentro do corpo e tivemos que sacrificá-la. Tem marca de uns dois tiros no meu quintal, poderia ter pego em nós”, contou a tutora do animal, que não quis se identificar.
Em 2014, o cavalo Empezão foi encontrado com a pata traseira baleada dentro de um valão, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Três veterinários recomendaram a eutanásia. Contra a medida, o doutor João Wassida levou o animal para o abrigo e cuidou dele.
“Até hoje não sei como ele sobreviveu. Assim que desceu do caminhão que o transportou para cá, Empezão perdeu parte do osso. Primeiro, estanquei a hemorragia, improvisei uma tala com madeira e o mediquei com antibióticos e analgésicos”, conta o veterinário.
Gatinha atingida por bala perdida
Por volta das 4h da manhã da última terça-feira, a dona de casa Maria Lucia de Almeida Rosa, de 60 anos, acordou com a filha Ana Luiza aos gritos. A jovem dormia quando foi acordada pelo barulho dos tiros entre policiais e traficantes. Ana estranhou o fato da gata Malu pular na cama, já que ela não tem o hábito de dormir com a tutora. Ao acender a luz, ela viu o chão cheio sangue e Malu ferida.
As duas então saíram às pressas para levar a gatinha até uma clínica veterinária, na Penha. “Malu estava com muita dor, miava muito”, conta Maria Lucia.
Após o animal ser sedado, o veterinário constatou que havia uma bala presa à língua da gatinha. O veterinário disse à tutora acreditar que se trata de uma bala de fuzil.
Mas, antes que o projétil fosse removido, a bala se deslocou e acabou indo parar no estômago da gata. Apesar do ferimento, o animal foi medicado e não deve passar por cirurgia. O veterinário acredita que a bala seja expelida naturalmente nos próximos dois dias. Caso contrário, deverá ser submetida a uma cirurgia.
Malu, que deve ter aproximadamente três anos, foi resgatada há um ano pela família da Maria Lucia.
“Quem gosta de animal sabe o quanto é delicado passar por isso. Mais ainda quando vemos um animal ser abandonado, mal tratado. Eu sofro. Malu já gastou duas vidas. Espero que não gaste mais nenhuma”, refletiu a tutora.
• Bala perdida mata idoso que jogava palavras-cruzadas em Aparecida
*Com informações do EXTRA