Câmara aprova protocolo para remoções de famílias de terrenos públicos em Goiânia
O texto segue para sanção do prefeito Rogério Cruz (Republicanos). Hoje aproximadamente 7,5 mil pessoas vivem em ocupações urbanas, somente na capital.
Os vereadores de Goiânia aprovaram em segunda votação, na terça-feira (1º), projeto de lei que cria protocolo unificado para a retirada de famílias e pessoas de imóveis, terrenos e locais públicos, na capital. A matéria determina que, antes da remoção, o poder público precisa realizar reuniões com a comunidade envolvida, Defensoria Pública, Ministério Público e secretarias com atribuições nas áreas de habitação, regularização fundiária e assistência social. O texto segue para sanção do prefeito Rogério Cruz (Republicanos).
De autoria do vereador Mauro Rubem (PT), o projeto estipula que remoções de propriedades privadas só serão feitas mediante decisão judicial proferida por juízo competente, em dias úteis, das 6 às 20 horas, em condições climáticas adequadas e sem necessidade de acionamento das forças de segurança quando famílias não apresentarem resistência.
Já para remoções de imóveis públicos, exige-se decisão em processo administrativo ou decisão judicial. Hoje aproximadamente 7,5 mil pessoas vivem em ocupações urbanas, somente na capital.
Moradia
Mauro Rubem diz que as pessoas têm direito a moradia e critica a Prefeitura por não desenvolver programas de habitação. Segundo ele, diante do cenário, é preciso estabelecer regras para as remoções.
Pelo protocolo, o município deverá criar comissão local, composta de forma paritária por representantes do poder público, Conselho Municipal de Direitos Humanos e moradores do local, para mediação de conflitos e não uso da força por agentes do Estado.
“É preciso de uma comissão, com regras para não haver despejos forçados. Esse protocolo tem importância fundamental para garantir inclusive a integridade física de mais 7,5 mil pessoas que estão hoje em ocupações em Goiânia”, salienta o vereador.
O projeto de lei foi elaborado em parceria com a Defensoria Pública de Goiás. Segundo o defensor público Gustavo, durante a criação, houve diálogo com todos os vereadores para a construção de um texto mais robusto.
“Assim podemos dialogar com o prefeito, com maior possibilidade de sanção, sem nenhum tipo de veto do Executivo. Isso vai mudar a vida das famílias goianienses e facilitar o respeito a direitos. É um protocolo, é uma lista do que tem que ser feito quando famílias tiverem que ser removidas”, explica o defensor.
Bens
O texto prevê ainda que os bens das pessoas a serem deslocadas deverão ser preservados em local adequado e por tempo razoável, cabendo indenização em caso de avarias e perdas comprovadas.
Animais serão protegidos e acolhidos junto às famílias em locais para onde forem destinadas. A remoção deverá ainda ser precedida de medidas que garantam atendimento habitacional e social das famílias, incluindo ações emergenciais de aluguel social, até que sejam encaminhadas para moradias de programas habitacionais