Campanha de Lula acredita que Haddad atrapalhou presidenciável
Vantagem de Bolsonaro no maior colégio eleitoral do Brasil é considerado fundamental para disputa não ter sido encerrada no primeiro turno
Integrantes da coordenação da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acreditam que a estratégia adotada pelo candidato do partido em São Paulo, Fernando Haddad, de poupar Tarcísio de Freitas (Republicanos) foi fundamental para o crescimento do bolsonarismo no estado.
A avaliação, porém, não é unânime. Alguns petistas entendem que as críticas a Haddad fazem parte da guerra interna do partido. O dedo apontado para o candidato a governador seria uma forma de minimizar erros da própria campanha de Lula. Um exemplo de deslize do presidenciável que poder ter prejudicado o seu desempenho no estado foi a declaração ao Programa do Ratinho, no dia 22, em que ele afirmou que Bolsonaro é ignorante e tem “jeitão de capiau do interior de São Paulo”.
A linha da campanha presidencial petista será debatida, em reuniões, ao longo desta segunda-feira. As pesquisas apontavam que Lula venceria o presidente Jair Bolsonaro (PL) em São Paulo, que Haddad estava à frente de Tarcísio e que Márcio França (PSB) ganharia a disputa pelo Senado. Na votação, o cenário se inverteu. O presidenciável petista e o candidato da legenda na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes ficaram atrás de seus oponentes e França perdeu para Marcos Pontes (PL), apoiado pelo presidente.
Bolsonaro abriu uma vantagem de 1,7 milhão de votos sobre Lula no estado de São Paulo. De acordo com coordenadores da campanha, foi essa diferença que levou a eleição presidencial para o segundo turno.
Reclamações contra linha adotada
Ao longo da disputa estadual, Haddad direcionou os ataques, prioritariamente, ao atual governador Rodrigo Garcia (PSDB). A coordenação da campanha presidencial chegou a fazer uma reunião com a equipe do candidato a governador do PT para se queixar da linha adotada e defender que o alvo principal fosse o representante de Bolsonaro no estado.
A campanha de Haddad entendia que Tarcísio seria um adversário mais fácil de ser batido em um segundo turno do que Garcia, mas não esperava que o ex-ministro terminasse o primeiro turno à frente.
Nesta segunda-feira, deve haver uma reunião entre os representantes das duas candidaturas petistas para discutir a estratégia de segundo turno. Aliados de Lula querem que Haddad adote um tom duro contra Tarcísio.
Reservadamente, lideranças petistas avaliam que o candidato a governador enfrenta uma situação delicada e terá dificuldades para reverter a vantagem do ex-ministro bolsonarista.
— A gente vai ter que avaliar tudo, São Paulo, Rio. O Nordeste respondeu como a gente imaginava. Alguns outros lugares não responderam — disse o senador Humberto Costa (PT-PE).